segunda-feira, 23 de março de 2015

             Foto inesquecível tirada por ocasião de minha candidatura ao governo do Estado de Alagoas pelo PSDB, uma das experiências mais incríveis da minha vida.

domingo, 22 de março de 2015

A Morte anunciada do "Velho Chico"

                            A Morte anunciada do "Velho Chico" Por Eduardo Tavares Mendes*
                                                        Cada vez mais passo a achar que o Brasil é, verdadeiramente, um  País de ninguém, em todos os campos. É o País da corrupção, das drogas, da violência, da impunidade e o lugar dos escândalos, como o da Petrobras, o mensalão e umas tantas centenas de outros, como sabemos. O que me dói mais, contudo, é a forma irresponsável, criminosa, como as nossas autoridades tratam  o meio ambiente, a natureza. E nessa seara esse e um País sem futuro, afirmo. Pelo modo como deixam que devastem a Amazônia, pela maneira como os gestores, em todos os níveis, tratam, por exemplo, os nossos mananciais. Na verdade quero me referir aqui à morte anunciada do Rio São Francisco, o nosso “Velho Chico”, outrora o Rio da Integração Nacional, orgulho dos nordestinos e fonte de riquezas para milhões e milhões de brasileiros que dependiam de suas águas e de sua bacia. Aquele rio que na época do descobrimento adentrava ao mar quilômetros e quilômetros como descrevera Caminha ao Rei de Portugal, hoje é invadido quase cem quilômetros rio acima pelo oceano Atlântico, fato que confirma a tese de que o rio morre pela foz. E isto já está acontecendo por culpa de interesses outros como, por exemplo, o abastecimento elétrico de indústria e mais indústrias em detrimento de todo um eco sistema, da mortandade dos peixes e da vida fluvial, da mudança de todo o entorno do rio e do desespero de ribeirinhos, como eu, e de toda uma comunidade que teme – como diz o pesquisador João Suassuna - morrer de sede e no escuro.

                                                                                Nem água, nem indústria. Nem fartura de peixes, hortaliças e outros produtos, nem luz elétrica. O Rio já está morrendo. Transposições de águas de rios e de lagoas representam ações milenares, afinal a água doce da terra existe para servir ao homem. Civilizações antigas como a China e a Índia há dois mil anos já mexiam com o manejo da água, porém, com responsabilidade e sustentabilidade, por isso eram conhecidas como civilizações hidráulicas. O “Velho Chico”, depois de sobreviver às eras do carvão, do couro, do ouro, das pastagens e, depois, das hidrelétricas, vai enfrentar agora a maior estupidez praticada pelo homem, do ponto de vista técnico, que é a transposição de suas águas, com a desculpa ainda mais estúpida de que o líquido servirá para matar a sede dos nossos irmãos nordestinos, região que concentra o maior número de açudes no Brasil e que acumula mais de 70 milhões de metros cúbicos de água não utilizada. E não utilizada por inação das autoridades, pois certamente, a exemplo da Petrobras, a transposição que trabalha praticamente com o mesmo consórcio de empresas, que operam na Petrobras, renderá muito mais. Vejamos o descaso: o deflúvio normal do Rio São Francisco, é de dois mil e setecentos metros cúbicos de água por segundo. (o Rio Tocantins, com bacia semelhante, tem um deflúvio de onze mil e oitocentos metros cúbicos por segundo). A vasão mínima, do rio São Francisco, que somente pode acontecer em emergências absolutas é de mil e trezentos metros cúbicos por segundo, o que já vem acontecendo há anos e, já em razão disso, navegação apenas com embarcação de baixo calado. Chamo a atenção para o fato de que com o deflúvio de mil e trezentos metros por segundo o caos já se estabeleceu em toda bacia do São Francisco.

                                                                         Os canais mudaram de lugar, os peixes sumiram e muitas áreas ribeirinhas viraram sertão “brabo” daqueles que o sol esturricante do semiárido “laxa” o solo. Como se não bastasse isso, a vasão passou depois a ser de mil e cem metros cúbicos por segundo, foi o que permitiu que, em alguns s trechos se atravessasse o leito do já moribundo rio a pé. Desastre total!. Uma vergonha para os governos dos estados cortados pelo São Francisco, uma vergonha para o incompetente governo federal que mal gere os escândalos que produz. Agora, caro leitor, somos pegos com o anúncio feito pela ANA – Agência nacional de Águas- de que que a barragem de sobradinho vai conter cerca de dez por cento das águas, ou seja, o deflúvio passará de mil e cem para apenas mil metros cúbicos por segundo. Aí paciência. Se já era caso de polícia, de responsabilização, de processo e de prisão, já que não temos outro tipo de pena, agora é caso para os tribunais internacionais.

                                                                        A população tem que se mobilizar em prol do mencionado rio, sob pena de que amanhã, como dizia o poeta, “choremos uma lágrima por ele, mesmo que sincera”. morte do “Velho Chico” anunciada pelo governo: Cadê os ambientalistas, e o comitê do baixo São Francisco ( Até porque será entre Alagoas e Sergipe que o rio morrerá) eles não se manifestam! A verdade, é que cidadania passa longe dos brasileiros que estão preocupados, apenas com os seus problemas. É cada um por si e ninguém pelo meio ambiente e muito menos pelo outrora conhecido rio dos currais. O Ibama, como se sabe, autorizou a medida. Espero que vozes bradem! Que mulheres e homens lutem! Que os ambientalistas deste País agredido pelo infortúnio de contar tão maus políticos e tão maus brasileiros, façam a sua parte. Lutemos todos pelo rio que já foi o mais importante curso d’água do Brasil. A sua morte, apesar de anunciada, pode ser evitada. Existem outras fontes de energia. Essa fatura não pode se debitada na conta de quem não tem como pagar: O Rio São Francisco.

*É ribeirinho e membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas -IGHAL