sábado, 3 de setembro de 2011

A vida é bela

A vida é bela.

* Eduardo Tavares Mendes

No grande jogo da vida o que mais impressiona, além da possibilidade do surgimento de um resultado inesperado, em todas as áreas de atividade do homem, são as oportunidades que temos de superar as dificuldades, rompendo barreiras e, como se diz na gíria, dando a volta por cima.

Não foram poucas as vezes em que verificamos no esporte, na política, nas artes e nos negócios, exemplos de pessoas que ressurgiram das cinzas ou do nada, do descrédito ou da derrota e, surpreendentemente, venceram, obtiveram êxito e mostraram que, na jornada da vida, o que vale mesmo é a determinação, o objetivo e, especialmente, a coragem. O dia-a-dia tem-nos ensinado inúmeras lições de obstinação, de garra, de bravura e de fé, que transformaram radicalmente o destino de homens e mulheres.

No esporte, o exemplo da perseverança brotou nos últimos dias. Quem não lembra das críticas feitas durante anos ao atacante Ronaldo, de nossa seleção? Depois de eleito por duas vezes consecutivas o melhor jogador de futebol do mundo, o craque entrou em desgraça.

Vítima de uma convulsão que o fez frustrar a todos no dia do jogo do Brasil contra a França em 1998, o “fenômeno” contundido passou a ser taxado de “bichado”, “acabado”, “podre”, e tudo mais. O Brasil e o mundo já não acreditavam nele.

Pois bem, bastou uma chance e o jogador deu a volta por cima, brilhou e tornou-se o artilheiro da Copa, ou melhor: transformou-se no grande artilheiro da história dos mundiais. Foi, talvez, o maior responsável pela vitória da também desacreditada seleção brasileira e voltou a ser, para muitos, o “melhor do mundo”. Quem o criticava, de repente, começou a elogiá-lo. O astro, num passe de mágica, passou a despertar a atenção de todo o planeta.

A mesma humanidade que critica tem necessidade de criar os seus mitos, aumentando suas façanhas, enfeitando as cenas heróicas. Aliás, esta é a parte boa do espetáculo da vida. O que seria das nações sem os seus homens extraordinários, sem os seus símbolos e sem as suas vitórias? E o que seria dos ídolos e dos líderes sem o reconhecimento do povo?

Aqui entre nós, se o Brasil não pode ser destaque mundial no combate ao analfabetismo, à pobreza e à mortalidade infantil, que seja, pelo menos, o centro das atenções do futebol mundial, assim como já foi um dia, na época do saudoso Senna, o epicentro do automobilismo.

Por tudo isso, não devemos valorizar muito as criticas que nos são dirigidas, assim como não devemos envaidecer-nos demasiadamente com as nossas conquistas, pois tudo passa. Tudo é efêmero. A crítica, entretanto, muitas vezes nos é mais importante do que o elogio fácil. Sobre o tema, Santo Agostinho já dizia: “Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem.”

Talvez as críticas tenham mexido com os brios do grande jogador Ronaldo. Com força de vontade, com intrepidez, com disciplina e, principalmente, com coragem, o ícone do futebol mundial contribuiu decisivamente para a alegria que tomou conta de todos nós brasileiros, no histórico 30 de junho. Mesmo os que o desdenhavam foram invadidos pelo sentimento de conquista e de patriotismo e, em um coro só, passaram a gritar: “ Brasil ! Pentacampeão!”

É essa possibilidade que tem o ser humano de surpreender na luta pela sobrevivência em todos os setores, é essa volta que o mundo dá, fazendo com que os acontecimentos muitas vezes se repitam ou que o inesperado venha a acontecer, que tornam a vida bela.

* É Presidente da Associação do Ministério Público de Alagoas.

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