Capitulo I
São Francisco: Rio de Lágrimas
Como
cidadão ribeirinho, nascido às margens do rio São Francisco, na
bela cidade de Traipu, abençoada pela natureza; e sendo o velho Chico um dos mais importantes cursos d'água do Brasil, sempre
dediquei parcela de minha vida e dos meus estudos à sua história.
Além do mais, desde menino desenvolvi interesse pela vela,
inicialmente nas canoas de pescaria nos arredores dos municípios de
Traipu, em Alagoas, e Gararu, em Sergipe; e depois em Maceió,
velejando nas praias de Pajuçara, Ponta Verde e, em outros municípios, nas praias da Barra de São
Miguel e de Maragogi, inicialmente a bordo de pequenos veleiros
tipo holder e laser, e fazendo uso, posteriormente, de um
Day Sailer, embarcação a vela de 17 pés, subindo com ela o São Francisco - da foz até a cidade de São
Brás, com o meu filho Júnior a bordo,
navegando dia e noite e acampando nas ilhas. Tempos depois,
adquiri um veleiro Velamar de 22 pés, cujo nome era “Manati”,
uma homenagem do antigo dono a uma espécie de peixe-boi do Amazonas. Hoje sou proprietário de dois veleiros: um Flash XR de 20
pés, open, o “Luiz Eduardo I”, com quilha retrátil e dois
lemes tipo canivete, o que favorece a navegação em águas fundas e
rasas; e outro, o Clio, um “Classic 16”, que utilizo
no leito do Velho Chico em Traipu, além de uma lancha
“Milenium”, a “Catita do Rancho”, de 24 pés.
Dias com uma embarcação, dias com outra, pelo menos uma vez ao mês, vou ao meu pequeno sítio urbano, o Rancho São Francisco, em Traipu, e passo horas a fio zigue-zagueando pelas águas do sofrido rio da Unidade Nacional, saboreando, quando possível, uma “bambá” ensopada e as famosas “pilombetas” fritas.
Buraco da Maria Pereira em Gararu, Sergipe. (foto: Donatila Medeiros) |
Veleiro Clio. (foto: autor) |
Veleiro Flash "Luiz Eduardo I." (foto: autor) |
Dias com uma embarcação, dias com outra, pelo menos uma vez ao mês, vou ao meu pequeno sítio urbano, o Rancho São Francisco, em Traipu, e passo horas a fio zigue-zagueando pelas águas do sofrido rio da Unidade Nacional, saboreando, quando possível, uma “bambá” ensopada e as famosas “pilombetas” fritas.
Nas
minhas velejadas, tenho descoberto lugares incríveis do ponto de vista da
beleza, da exuberância e do tamanho: são morros, serras, colinas,
paredões de pedras altíssimos, grutas e vales de beleza
inimaginável! Um dos lugares que mais nos chamaram a atenção,
por sua grandiosidade quase mística, foi o “Buraco" da Maria Pereira, em Sergipe, no
município de Gararu, defronte à minha terra natal. É preciso ver para crer.
Canoa de Tolda |
De
tanto andar e velejar bordejando no rio São Francisco, passei a
acompanhar sua constante modificação: o assoreamento, o
desmatamento ciliar e a escassez de água, seja em razão da seca,
seja em razão do represamento nas barragens e hidrelétricas.
Enfim, comecei a perceber que o rio estava morrendo e, quando escutava
e escuto falar na transposição de suas águas para outras regiões
do sertão nordestino, chegava (e chego) a me apavorar. Como transpor
as águas de um rio que está morrendo? E ao que se sabe, nenhuma medida para sua revitalização tem sido adotada! Pensava com meus
botões: somente em um país como o Brasil, desprovido de políticas
sociais sérias, onde se faz pouco caso da violência e da agressão
ao meio ambiente, pode existir tamanho absurdo.
O rio São Francisco foi descoberto no dia 04 de outubro de 1501 pelo florentino Américo Vespúcio, que, navegando sob a bandeira de Portugal e financiado pelo comerciante Fernão de Noronha, para mapear o litoral das novas terras portuguesas, chegou, naquele dia ao território que viria a ser Alagoas. Depois de passar 64 dias atravessando o Atlântico, Vespúcio descobriu o cabo de Santo Agostinho, o rio São Miguel, dentre outros, até, logo depois, enxergar um grande rio desembocando no mar. Deslumbrado com a grandeza e com a a beleza do que vira, e, por ser aquela a data comemorativa a São Francisco para os italianos, para os portugueses e para outros povos católicos, batizou-lhe com o nome de rio São Francisco, justa homenagem a São Francisco de Assis. Sua importância, como elo entre as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, e em razão do seu potencial energético, além da produção de pescados e da navegação, desde o seu descobrimento, vem despertando atenções das mais variadas, seja de políticos, de empresários, de ambientalistas, de usuários, de pescadores, de agricultores, de mineradores ou de industriais, cada uma dessas classes defendendo os seus próprios interesses, com a observação justa de que os ambientalistas, os ecologistas e os homens de bom senso defendem, em verdade, os interesses da humanidade, os interesses do planeta Terra, com toda sua biodiversidade.
Os
pesquisadores e especialistas em transposição de águas, dentre os
quais o Doutor João Suassuna, pesquisador da Fundação Joaquim
Nabuco, de Recife, Pernambuco, têm afirmado, com frequência, que o rio
morre pela foz. E é verdade, asseguro. Há cerca de 10 anos, peixes
do mar e mariscos chegavam a ser pescados em Penedo, município
situado a 40 km da foz. Hoje, esses pescados são vistos em Traipu,
município muito mais distante do oceano Atlântico. A grande língua
do rio São Francisco, que adentrava ao mar, mostrando a força de
suas águas, não existe mais. O que existe, na verdade, é a língua
salgada do mar indo rio a dentro, dezenas e mais dezenas de quilômetros a montante, levando novas espécies de peixe e
mostrando que o homem está agredindo severamente a natureza e
invertendo a ordem dos acontecimentos naturais.
A grande força do Velho Chico era motivo de admiração e de orgulho para quem o conhecia. O magnífico historiador Douglas Apratto Tenório, em sua obra intitulada de "Rio São Francisco um ninho de culturas", afirma que o rio foi muito percorrido por veleiros e bragantins com a coroa da cruz de Malta. Essas embarcações eram guiadas pelos intérpretes indígenas que faziam o reconhecimento da terra. Ele narra que, dentre os navegadores, colonizadores e desbravadores, um dos que mais se encantaram com o grande espetáculo da natureza que era o encontro do rio com o mar, naqueles tempos, foi o cronista Pero Magalhães Gândavo, que dizia: "Outro mui notável rio pela banda do oriente ao mesmo oceano que chamam de São Francisco, cuja boca está em dez graus e um terço terá meia légua de largo. Este rio entra tão soberbo no mar, e com tanta fúria, que não chega o mar a boca, somente faz algum tempo represar suas águas e daí três águas ao mar se acha água doce".
Essa visão que Pero de Magalhães Gândavo teve da foz do outrora pujante e soberano rio dos Currais, um dos nomes dados ao Velho Chico, certamente ninguém mais terá, pois ele já não é mais o mesmo. Perdeu a força da correnteza; perdeu a imponência de suas embarcações; perdeu a fundura de suas águas; perdeu a fartura de seus peixes!
Em algumas partes do curso do rio é quase possível atravessá-lo a pé. Embarcações de grande calado encalham. É o prenúncio do fim. É a morte anunciada. Mas o rio São Francisco não perdeu, ainda, a esperança! E essa, depende dos homens.
Época em que o São Francisco era pujante, vendo-se, ao fundo, o Hotel São Francisco, na cidade de Penedo, Alagoas. (foto: arquivo jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
O rio São Francisco foi descoberto no dia 04 de outubro de 1501 pelo florentino Américo Vespúcio, que, navegando sob a bandeira de Portugal e financiado pelo comerciante Fernão de Noronha, para mapear o litoral das novas terras portuguesas, chegou, naquele dia ao território que viria a ser Alagoas. Depois de passar 64 dias atravessando o Atlântico, Vespúcio descobriu o cabo de Santo Agostinho, o rio São Miguel, dentre outros, até, logo depois, enxergar um grande rio desembocando no mar. Deslumbrado com a grandeza e com a a beleza do que vira, e, por ser aquela a data comemorativa a São Francisco para os italianos, para os portugueses e para outros povos católicos, batizou-lhe com o nome de rio São Francisco, justa homenagem a São Francisco de Assis. Sua importância, como elo entre as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, e em razão do seu potencial energético, além da produção de pescados e da navegação, desde o seu descobrimento, vem despertando atenções das mais variadas, seja de políticos, de empresários, de ambientalistas, de usuários, de pescadores, de agricultores, de mineradores ou de industriais, cada uma dessas classes defendendo os seus próprios interesses, com a observação justa de que os ambientalistas, os ecologistas e os homens de bom senso defendem, em verdade, os interesses da humanidade, os interesses do planeta Terra, com toda sua biodiversidade.
O por do sol no São Francisco, espetáculo a parte. (foto: Donatila Medeiros) |
A grande força do Velho Chico era motivo de admiração e de orgulho para quem o conhecia. O magnífico historiador Douglas Apratto Tenório, em sua obra intitulada de "Rio São Francisco um ninho de culturas", afirma que o rio foi muito percorrido por veleiros e bragantins com a coroa da cruz de Malta. Essas embarcações eram guiadas pelos intérpretes indígenas que faziam o reconhecimento da terra. Ele narra que, dentre os navegadores, colonizadores e desbravadores, um dos que mais se encantaram com o grande espetáculo da natureza que era o encontro do rio com o mar, naqueles tempos, foi o cronista Pero Magalhães Gândavo, que dizia: "Outro mui notável rio pela banda do oriente ao mesmo oceano que chamam de São Francisco, cuja boca está em dez graus e um terço terá meia légua de largo. Este rio entra tão soberbo no mar, e com tanta fúria, que não chega o mar a boca, somente faz algum tempo represar suas águas e daí três águas ao mar se acha água doce".
Essa visão que Pero de Magalhães Gândavo teve da foz do outrora pujante e soberano rio dos Currais, um dos nomes dados ao Velho Chico, certamente ninguém mais terá, pois ele já não é mais o mesmo. Perdeu a força da correnteza; perdeu a imponência de suas embarcações; perdeu a fundura de suas águas; perdeu a fartura de seus peixes!
Em algumas partes do curso do rio é quase possível atravessá-lo a pé. Embarcações de grande calado encalham. É o prenúncio do fim. É a morte anunciada. Mas o rio São Francisco não perdeu, ainda, a esperança! E essa, depende dos homens.
Rua da Praia. enchente do São Francisco em 1906 - Penedo - Alagoas. (foto: arquivo jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Como Presidente da Associação do Ministério Público de Alagoas em quatro gestões, no início da década passada, tratei de realizar um grande seminário para debater a transposição do rio, na cidade de Penedo, uma das mais belas e antigas de todo o São Francisco - a chamada porta de entrada para o sertão por água. Reunimos, ali, promotores, juízes, a sociedade penedense, pescadores, navegadores, e contamos com a participação do senador alagoano Renan Calheiros, político sempre preocupado com os destinos do outrora rio Opará, como o chamavam os nativos. O parlamentar foi um dos conferencistas do conclave, demonstrando seu total apoio à causa da preservação do rio. Outro conferencista foi o renomado agrônomo, pesquisador e especialistas em águas, Doutor João Suassuna, sobrinho do escritor Ariano Suassuna, e tão importante quanto ele em sua área de atuação. Anos mais tarde, realizamos novo congresso, dessa feita na cidade de Piranhas, situada exatamente no início do baixo São Francisco, entre os municípios de Paulo Afonso, na Bahia, e Canindé do São Francisco, em Sergipe. Ao evento compareceram, do mesmo modo que em Penedo, membros do Ministério Público estadual e federal, integrantes da magistratura, políticos, membros da comunidade local, o político João Alves Filho, atualmente prefeito de Aracaju e um dos maiores estudiosos do rio São Francisco. Novamente o pesquisador João Suassuna se fez presente com toda sua garra, coragem e vontade de contribuir para a sobrevivência do rio São Francisco. Os debates foram extremamente proveitosos.
Em
2004, uma comissão de especialistas na matéria, dentre os quais
os ambientalistas Marco Antônio Tavares Coelho, de São Paulo; Alberto Daker, de Minas
Gerais; Roberto Santos Moraes, da Bahia, e o nosso João Suassuna, de
Pernambuco, fez um manifesto ao País, cujo texto contém o
seguinte título: “A Transposição das Águas do rio São
Francisco, riscos previsíveis, consequências incalculáveis.”
O
texto afirma categoricamente que, “sob todos os aspectos, a
transposição das águas do rio São Francisco representa uma
decisão equivocada, insustentável em termos políticos e técnicos
sérios, com riscos econômicos, éticos e ambientais previsíveis e
com consequências incalculáveis”.
De
fato, João Suassuna afirmou em Penedo, em nosso primeiro encontro, que, do ponto de vista
hidrológico, esses riscos decorrem dos limites impostos pela
utilização das suas águas para fins de geração de energia e
irrigação. O pesquisador informou, naquela oportunidade, que do
total alocável de 360m³/s, já se encontram efetivamente alocados ou comprometidos
335 m³/s, caso os usos outorgados sejam de fato implementados.
Suassuna, em artigo publicado na Internet, afirmou peremptoriamente: “Energeticamente, numa conjuntura de
escassez e horizonte de crescimento da demanda de energia, será
necessário transpor elevadas altitudes e bombear água a grandes
distâncias”.
Ora,
dados técnicos à parte, sob o enfoque ambiental, a história de
decisões em outros contextos tem revelado desastres ecológicos
irrecuperáveis e, segundo Suassuna, e de acordo com o Manifesto à
Nação, no caso da bacia do São Francisco, particularmente
previsíveis são os riscos de salinização do solo e da perda de
água através da evaporação.
O pesquisador tem afirmado que o São Francisco "é um rio hidrologicamente pobre com vazão média de apenas 2.800m³/s, enquanto que o rio Tocantins, com a mesma área de bacia, possui vazão média de 11.800m³/s. Além disso, o Velho Chico possui um caudal de múltiplos usos".¹
O pesquisador tem afirmado que o São Francisco "é um rio hidrologicamente pobre com vazão média de apenas 2.800m³/s, enquanto que o rio Tocantins, com a mesma área de bacia, possui vazão média de 11.800m³/s. Além disso, o Velho Chico possui um caudal de múltiplos usos".¹
O
que deduzimos? Provavelmente a quantidade de água esperada não
chegue em volume suficiente ao destino, em razão da evapotranspiração. O Estado
brasileiro certamente gastará bilhões de reais a toa, e, o que é
pior: como o rio morre pela foz, como já foi dito, e como o desvio
das águas ocorrerá no sub-médio São Francisco, em Pernambuco, a
mais grave consequência desse desatino das autoridades provavelmente ocorrerá no baixo São Francisco, justamente nos 208 quilômetros
que se estendem entre os estados de Alagoas e Sergipe até sua
desembocadura, em que pesem as afirmações de que a barragem de Sobradinho suprirá o percentual de águas transpostas.
São
esses estados que sofrerão com o represamento das águas, sem falar no
fato de que aqui as condições climáticas são mais severas, o
semiárido castiga, o sol esturrica o solo, e toda comunidade
residente na própria bacia amargará essas consequências.
Penso
que primeiramente precisamos cuidar da revitalização do próprio rio São Francisco, pois, como afirmou João Suassuna, “corremos o
risco de morrer de sede e no escuro” (idem) .
De
se observar que toda essa discussão se deu há mais de dez anos. O
fato é que a transposição já começou, milhões já foram
investidos, embora em alguns trechos a obra se encontre paralisada. Pouca
gente fala sobre o assunto, apesar da existência do Comitê da Bacia
do São Francisco e de tantos defensores do grande “mar de água
doce”.
Chama atenção o aspecto de que, se recursos são repassados pelo governo, ou pela CHESF, para os municípios situados na bacia do São Francisco, com a finalidade de se revitalizar o "Velho Chico", esse fato não tem sido percebido pelas populações ribeirinhas, pelo menos em Alagoas, e isso eu posso afirmar, obviamente.
Chama atenção o aspecto de que, se recursos são repassados pelo governo, ou pela CHESF, para os municípios situados na bacia do São Francisco, com a finalidade de se revitalizar o "Velho Chico", esse fato não tem sido percebido pelas populações ribeirinhas, pelo menos em Alagoas, e isso eu posso afirmar, obviamente.
Sobre
a transposição
A ideia vem do Império, e o projeto é antigo. Foi concebido em 1994
pelo extinto DNOS – Departamento Nacional de Obras e Saneamento. Em
1999, o ousado empreendimento foi transferido para o Ministério da
Integração Nacional, passando a ser acompanhado pelo Comitê da
Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. É prevista a retirada de
26,4m³/s de água, correspondente a 1,4% do volume de água da
barragem de Sobradinho, que deverá ser destinada, dentre outras
coisas, ao consumo da população urbana de 390 municípios dos
estados do Ceará, de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte,
através das bacias de Terra Nova, Pajeú, Moxotó e Jaguaribe, em Pernambuco; bacias metropolitanas no Ceará; Apodi e
Piranhas-Açu, no Rio Grande do Norte; e Piranhas, na Paraíba.
Trecho da transposição (Foto retirada do site http://vocesabendo.com/transposicao-do-rio-sao-francisco/) |
O
Eixo Norte do projeto sai do rio São Francisco próximo à cidade de Cabrobó, em Pernambuco, e levará água para os sertões daquele estado e da
Paraíba, do Ceará e do Rio Grande do Norte; terá 400 quilômetros de extensão e deverá alimentar quatro rios, três sub-bacias do São Francisco (Brígida,
Terra Nova e Pajeú) e dois açudes: Entre Montes e Chapéu. Já o
Eixo Leste, que integrará o lago da barragem de Itaparica, entre Pernambuco e Bahia, aos rios Paraíba (PB) e Ipojuca (PE), deverá abastecer parte do sertão e as regiões do agreste de
Pernambuco e da Paraíba, com aproximadamente 220 quilômetros até o Rio
Paraíba, depois de passar pelas bacias do Pajeú e Moxotó. Esses
eixos serão construídos para uma capacidade máxima de vazão de
99m³/s e 28m³/s respectivamente, devendo trabalhar com uma vazão
contínua de 16,4m³/s no eixo norte, e 10m³/s no eixo leste.
Além dos ciclos do pau brasil e das entradas e bandeiras, bem antes do ciclo do carvão, o sofrido Opará transformou-se no novo eldorado para os bandeirantes que queriam fazer fortuna a todo custo, procurando ouro, pedras preciosas e indígenas para aprisioná-los e transformá-los em escravos. Depois iniciou-se o ciclo do couro ou da pecuária, ocasião em que surgiu o termo rio dos Currais.
Nos tempos atuais as agressões são piores. São fatais, são inaceitáveis e não condizem com as aspirações globais de preservação da natureza, com suas florestas, com suas aguas, seus lagos seus, rios, seus mares, seus biomas. O século XXI será a era da sustentabilidade ou da destruição. Depende de nós.
Aguentar a destruição de quase 95% de sua mata ciliar, a captação de água através de centenas de canais artificiais, adutoras e tubulações; receber, em seu leito, milhares de toneladas de dejetos provenientes de esgotos das cidades ribeirinhas e de indústrias, padecer com a falta de chuvas e sofrer com a forte evaporação ( pois em razão de sua proximidade à linha do equador, os raios solares são perpendiculares ao solo na região) tem sido um fardo muito pesado para o combalido rio carregar.
Máquinas em obra.(foto retirada do site http://www.odiariodaregiao.com/transposicao-do-rio-sao-francisco/) |
O desmatamento
O desmatamento dos cerrados, a monocultura de eucaliptos, no alto e no médio São Francisco, são, segundo estudiosos do rio, os principais fatores para sua degradação, pois esses investimentos privados ocasionaram a derrubada das matas ciliares. A questão do desmatamento é histórica, vez que há mais de um século as embarcações movidas a vapor (barcos, lanchas e navios) utilizavam a madeira proveniente das matas ciliares como combustível. Durante muito tempo o vale do São Francisco foi castigado pelo ciclo do carvão, época em que foram destruídas enormes áreas de cobertura florestal. Minas Gerais foi o Estado que mais agrediu a bacia do São Francisco, onde o carvão era usado em grande escala pelas siderúrgicas mineiras. No Estado da Bahia as mineradoras contribuíram, e muito, com os desmatamentos do entorno do rio. Hoje, naquele estado, são as grandes pastagens de gado no cerrado que têm ocupado a área antes coberta pela vegetação nativa. É de se observar que a derrubada de vegetação impede que a água da chuva seja absorvida e drenada para os riachos.Além dos ciclos do pau brasil e das entradas e bandeiras, bem antes do ciclo do carvão, o sofrido Opará transformou-se no novo eldorado para os bandeirantes que queriam fazer fortuna a todo custo, procurando ouro, pedras preciosas e indígenas para aprisioná-los e transformá-los em escravos. Depois iniciou-se o ciclo do couro ou da pecuária, ocasião em que surgiu o termo rio dos Currais.
Nos tempos atuais as agressões são piores. São fatais, são inaceitáveis e não condizem com as aspirações globais de preservação da natureza, com suas florestas, com suas aguas, seus lagos seus, rios, seus mares, seus biomas. O século XXI será a era da sustentabilidade ou da destruição. Depende de nós.
Aguentar a destruição de quase 95% de sua mata ciliar, a captação de água através de centenas de canais artificiais, adutoras e tubulações; receber, em seu leito, milhares de toneladas de dejetos provenientes de esgotos das cidades ribeirinhas e de indústrias, padecer com a falta de chuvas e sofrer com a forte evaporação ( pois em razão de sua proximidade à linha do equador, os raios solares são perpendiculares ao solo na região) tem sido um fardo muito pesado para o combalido rio carregar.
Somente
um santo, mesmo, para fazer tanto milagre: o São Francisco, não o Velho Chico. Associo-me à corrente que afirma ser a absurda
obra nada mais do que uma “Transamazônica hídrica”: além de
um empreendimento demasiadamente caro para os padrões nacionais, o rio não será capaz de suprir a
necessidade da população da região. O problema, segundo os
pesquisadores, “não seria o déficit hídrico que não existe; e,
sim, a péssima administração dos recursos existentes, uma vez que
a maior parte da água será destinada à irrigação, e, hoje, diversas
obras, iniciadas com a finalidade de atender à necessidade de
distribuição de água na mesma região, estão há muitos anos
inacabadas.
São muitas as críticas à obra. O frei Gilvander Moreira, no ano de 2007 já dizia: "As águas desviadas vão passar distante da grande maioria da população rural atingida pela seca, e, em contra partida, vão irrigar, em condições economicamente desfavoráveis, regiões onde já se encontram os maiores reservatórios. Com a transposição, ao contrário, vai se pagar muito caro pelo uso da água transposta. O custo da água será, no mínimo, cinco vezes maior do que os valores atualmente praticados na região. Um verdadeiro 'presente de grego' para a população dos estados receptores."²
Segundo
dados de estudos publicado por Caroline Faria, o Nordeste brasileiro é a região
com maior número de açudes do mundo. São 70 mil açudes, onde são
armazenados 37 bilhões de m³ de água. "O problema da seca, afirma a
especialista, poderia ser resolvido apenas com a conclusão de mais
de duas dezenas de obras de distribuição que estão paradas"³, pasmem, nos mesmos
municípios que serão contemplados pela malsinada transposição, a um
custo infinitamente mais barato e viável.
São muitas as críticas à obra. O frei Gilvander Moreira, no ano de 2007 já dizia: "As águas desviadas vão passar distante da grande maioria da população rural atingida pela seca, e, em contra partida, vão irrigar, em condições economicamente desfavoráveis, regiões onde já se encontram os maiores reservatórios. Com a transposição, ao contrário, vai se pagar muito caro pelo uso da água transposta. O custo da água será, no mínimo, cinco vezes maior do que os valores atualmente praticados na região. Um verdadeiro 'presente de grego' para a população dos estados receptores."²
Transposição:Mapa( www.ecodebate.com.br) |
As
obras, como já disse, estão paralisadas em vários pontos da megatransposição, inclusive no sul do Ceará.
De acordo com o Ministério da Integração Nacional, a cidade de Mauriti, no extremo sul daquele estado, está incluída na denominada meta 3N do projeto, no eixo norte da transposição, onde se encontra a maior parte das obras na região, com 38 quilômetros de extensão.
O orçamento inicial do projeto era de 4,5 bilhões de reais. Atualmente, entretanto, o valor está estimado em torno de 8,2 bilhões, ou seja, quase o dobro. Há quem afirme que o custo final do canal, com seus túneis e estações elevatórias poderá chegar à casa dos 15 bilhões, ou mais.
Ainda em 2004, em artigo publicado na internet, João Abner Guimarães Júnior, estudioso do assunto, já afirmava que "o custo da obra, incluindo o toma lá, dá cá atual, para compensar os estados doadores, só tem crescido nos últimos anos, aproximando-se dos 20 bilhões de reais"4.
O lote 6 tem um trecho que corta pelo menos 15 localidades, onde as obras estão totalmente paradas há mais de um ano, prejudicando a região e mais de 400 pessoas. Essa situação se repete em inúmeros trechos do projeto, emperrado pelo descaso, pela burocracia e por outras dificuldades. Imaginem os senhores as somas exorbitantes, como falamos, que serão empregadas na transposição até a sua conclusão.
Situação atual da transposição
Não são poucos os movimentos e as organizações existentes hoje, que acompanham, fiscalizam e defendem a sobrevivência do nosso querido "Chicão". Em razão do anúncio feito recentemente pelo governo federal de que as obras de transposição das águas do São Francisco ficariam prontas até 2015, muitos desses movimentos reagiram, de forma dura, sobretudo pelo fato de tal anúncio ter ocorrido após denúncias e mais denúncias sobre a lentidão da obra, sucessivas notícias de aumento dos custos, de problemas relacionados ao saneamento do rio em todos os seus trechos, além das críticas de movimentos sociais sobre e eficiência da mencionada obra. Roberto Malvezzi, conhecido por "Gogó", membro da "Articulação Popular São Francisco Vivo" e da Pastoral da Terra, além de profundo conhecedor do tema, teceu sérias críticas à transposição no portal "Minas Livre".
O pesquisador afirmou que o alongamento do prazo e também dos custos da obra se deu, em primeiro lugar, em razão do seu gigantismo, pois ao longo dos seu 700 quilômetros de canais existem escavações, revestimentos, túneis, estações de bombeamento, construções de barragens, além de uma série de outras obras componentes do todo. "Gogó" disse, ainda, que "a obra está sendo construída por lotes, sendo 14 ao todo. Cada lote é feito por um consórcio de empresas e cada empresa tem o seu ritmo e suas exigências, rompendo contratos, não realizando a obra devida, abandonando os canteiros, exigindo novas licitações e aditivos, o que gera uma descontinuidade total no conjunto. Muitas vezes, quando retomam, todo trecho feito anteriormente, precisa ser refeito".
Roberto Malvezzi, o "Gogó", aponta, ainda que " a obra começou a ser realizada sem projetos executivos." Isto é tão grave, afirma o pesquisador, "que houve erros até em seu traçado, como num túnel feito em um lugar, quando deveria ter sido feito em outro". Para o pesquisador, somente as empreiteiras ganharam e estão ganhando com essa obra gigantesca. Observa, finalmente, o ambientalista, que, no caso da transposição, "repete-se toda a práxis das grandes obras do regime militar: "povo alheio, obra imposta, más indenizações, realocações da população que tem sua vida mudada e não sabe mais o que fazer da vida, expectativa pela água que lhe foi prometida, assim por diante."5
Como se pode observar, é extremamente complexa a transposição do São Francisco em face da existência, dentre outras mazelas, de empresas ruins, de obras mal acabadas, de obras inconclusas, de desvios, de perdas, e de tantas outras atrocidades, sem falar na ingerência política. Pergunta-se: onde estão, pois, os órgãos de controle?
Apesar das dificuldades encontradas pelo governo, sobretudo em relação aos contratos com as empresas que fazem parte dos consórcios, e mesmo levando em conta a mencionada paralisação de partes da gigantesca obra, o fato é que ela vem avançando, com mais de mil e quinhentos homens trabalhando e centenas de máquinas operando, tendo o Ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional, afirmado que recursos não faltarão para sua conclusão.
O que se percebe, pois, é que as vozes das ruas, dos campos, das cidades ribeirinhas, nunca foram ouvidas e a obra segue com a desconfiança e o temor das populações, de índios de toda a bacia do São Francisco, de comunidades inteiras, de estudiosos e de especialistas no assunto. Maior desconfiança, entretanto, existe por parte dos indígenas que habitam em Pernambuco, nas imediações da zona de captação. Eles receiam que o projeto desagregue os povos e provoque danos ambientais nas áreas a serem atingidas pela transposição. "Se o rio morrer, todos nós vamos morrer", teme o cacique Aurivan dos Santos, da tribo truká, localizada na ilha de Assunção em Cabrobró.6
É de se indagar: a quem, verdadeiramente, interessa a transposição? Com todo respeito que temos por nossos irmãos sertanejos das regiões abrangidas pela obra, que tanto precisam de água, não podemos ajudá-los de outra forma? Não convêm observar que nordestinos que moram há poucos quilômetros do rio São Francisco morrem de fome e de sede em épocas de estiagem, e esse problema crônico nunca foi solucionado? Em Traipu, cidade ribeirinha, apenas exemplificando, são os carros pipa que abastecem comunidades situadas a pequenas distâncias da margem do rio ( Olho D'água da Cerca, Capivara, Santa Cruz e outras), serviço, diga-se de passagem, muito precário. Os "pipeiros" levam meses para receber seus pagamentos. E observe-se que o vale do São Francisco e extremamente fértil. As poucas experiências em irrigação verificadas em Sergipe e Pernambuco são exemplos dessas afirmativas. Em Alagoas, entretanto, somente com Delmiro Gouveia, o construtor de "Angiquinhos" e, igualmente, da fabrica da Pedra, no alto Sertão, tivemos algum êxito nesse campo. E olha que isso ocorreu há dezenas de anos. De lá para cá não surgiu nenhum grande empreendimento. Louve-se, entretanto, o empenho do governo Teotônio Vilela para consolidar uma das maiores obras do nordeste, em termos de captação de água no São Francisco, para matar a sede de alagoanos do semiárido e fomentar a agricultura na região, com responsabilidade e sustentabilidade.
De acordo com o Ministério da Integração Nacional, a cidade de Mauriti, no extremo sul daquele estado, está incluída na denominada meta 3N do projeto, no eixo norte da transposição, onde se encontra a maior parte das obras na região, com 38 quilômetros de extensão.
O orçamento inicial do projeto era de 4,5 bilhões de reais. Atualmente, entretanto, o valor está estimado em torno de 8,2 bilhões, ou seja, quase o dobro. Há quem afirme que o custo final do canal, com seus túneis e estações elevatórias poderá chegar à casa dos 15 bilhões, ou mais.
Ainda em 2004, em artigo publicado na internet, João Abner Guimarães Júnior, estudioso do assunto, já afirmava que "o custo da obra, incluindo o toma lá, dá cá atual, para compensar os estados doadores, só tem crescido nos últimos anos, aproximando-se dos 20 bilhões de reais"4.
O lote 6 tem um trecho que corta pelo menos 15 localidades, onde as obras estão totalmente paradas há mais de um ano, prejudicando a região e mais de 400 pessoas. Essa situação se repete em inúmeros trechos do projeto, emperrado pelo descaso, pela burocracia e por outras dificuldades. Imaginem os senhores as somas exorbitantes, como falamos, que serão empregadas na transposição até a sua conclusão.
Situação atual da transposição
Não são poucos os movimentos e as organizações existentes hoje, que acompanham, fiscalizam e defendem a sobrevivência do nosso querido "Chicão". Em razão do anúncio feito recentemente pelo governo federal de que as obras de transposição das águas do São Francisco ficariam prontas até 2015, muitos desses movimentos reagiram, de forma dura, sobretudo pelo fato de tal anúncio ter ocorrido após denúncias e mais denúncias sobre a lentidão da obra, sucessivas notícias de aumento dos custos, de problemas relacionados ao saneamento do rio em todos os seus trechos, além das críticas de movimentos sociais sobre e eficiência da mencionada obra. Roberto Malvezzi, conhecido por "Gogó", membro da "Articulação Popular São Francisco Vivo" e da Pastoral da Terra, além de profundo conhecedor do tema, teceu sérias críticas à transposição no portal "Minas Livre".
O pesquisador afirmou que o alongamento do prazo e também dos custos da obra se deu, em primeiro lugar, em razão do seu gigantismo, pois ao longo dos seu 700 quilômetros de canais existem escavações, revestimentos, túneis, estações de bombeamento, construções de barragens, além de uma série de outras obras componentes do todo. "Gogó" disse, ainda, que "a obra está sendo construída por lotes, sendo 14 ao todo. Cada lote é feito por um consórcio de empresas e cada empresa tem o seu ritmo e suas exigências, rompendo contratos, não realizando a obra devida, abandonando os canteiros, exigindo novas licitações e aditivos, o que gera uma descontinuidade total no conjunto. Muitas vezes, quando retomam, todo trecho feito anteriormente, precisa ser refeito".
Roberto Malvezzi, o "Gogó", aponta, ainda que " a obra começou a ser realizada sem projetos executivos." Isto é tão grave, afirma o pesquisador, "que houve erros até em seu traçado, como num túnel feito em um lugar, quando deveria ter sido feito em outro". Para o pesquisador, somente as empreiteiras ganharam e estão ganhando com essa obra gigantesca. Observa, finalmente, o ambientalista, que, no caso da transposição, "repete-se toda a práxis das grandes obras do regime militar: "povo alheio, obra imposta, más indenizações, realocações da população que tem sua vida mudada e não sabe mais o que fazer da vida, expectativa pela água que lhe foi prometida, assim por diante."5
Como se pode observar, é extremamente complexa a transposição do São Francisco em face da existência, dentre outras mazelas, de empresas ruins, de obras mal acabadas, de obras inconclusas, de desvios, de perdas, e de tantas outras atrocidades, sem falar na ingerência política. Pergunta-se: onde estão, pois, os órgãos de controle?
Apesar das dificuldades encontradas pelo governo, sobretudo em relação aos contratos com as empresas que fazem parte dos consórcios, e mesmo levando em conta a mencionada paralisação de partes da gigantesca obra, o fato é que ela vem avançando, com mais de mil e quinhentos homens trabalhando e centenas de máquinas operando, tendo o Ministro Fernando Bezerra, da Integração Nacional, afirmado que recursos não faltarão para sua conclusão.
O que se percebe, pois, é que as vozes das ruas, dos campos, das cidades ribeirinhas, nunca foram ouvidas e a obra segue com a desconfiança e o temor das populações, de índios de toda a bacia do São Francisco, de comunidades inteiras, de estudiosos e de especialistas no assunto. Maior desconfiança, entretanto, existe por parte dos indígenas que habitam em Pernambuco, nas imediações da zona de captação. Eles receiam que o projeto desagregue os povos e provoque danos ambientais nas áreas a serem atingidas pela transposição. "Se o rio morrer, todos nós vamos morrer", teme o cacique Aurivan dos Santos, da tribo truká, localizada na ilha de Assunção em Cabrobró.6
É de se indagar: a quem, verdadeiramente, interessa a transposição? Com todo respeito que temos por nossos irmãos sertanejos das regiões abrangidas pela obra, que tanto precisam de água, não podemos ajudá-los de outra forma? Não convêm observar que nordestinos que moram há poucos quilômetros do rio São Francisco morrem de fome e de sede em épocas de estiagem, e esse problema crônico nunca foi solucionado? Em Traipu, cidade ribeirinha, apenas exemplificando, são os carros pipa que abastecem comunidades situadas a pequenas distâncias da margem do rio ( Olho D'água da Cerca, Capivara, Santa Cruz e outras), serviço, diga-se de passagem, muito precário. Os "pipeiros" levam meses para receber seus pagamentos. E observe-se que o vale do São Francisco e extremamente fértil. As poucas experiências em irrigação verificadas em Sergipe e Pernambuco são exemplos dessas afirmativas. Em Alagoas, entretanto, somente com Delmiro Gouveia, o construtor de "Angiquinhos" e, igualmente, da fabrica da Pedra, no alto Sertão, tivemos algum êxito nesse campo. E olha que isso ocorreu há dezenas de anos. De lá para cá não surgiu nenhum grande empreendimento. Louve-se, entretanto, o empenho do governo Teotônio Vilela para consolidar uma das maiores obras do nordeste, em termos de captação de água no São Francisco, para matar a sede de alagoanos do semiárido e fomentar a agricultura na região, com responsabilidade e sustentabilidade.
A
partir da leitura dos textos dos pesquisadores, decidi me ater tão
somente sobre o baixo rio São Francisco, cujo trecho, por ser bem
menor do que o médio, o sub-médio e o alto São Francisco, talvez não tenha
despertado o interesse de autoridades e de estudiosos com a atenção
que o assunto merece e à altura da importância da região e
do seu povo.
Parte II
O Grande Rio do Nordeste
Bacia do rio São Francisco (foto: Ministério dos Transportes) |
Segundo o engenheiro agrônomo Geraldo Gentil Vieira, da CODEVASF, a nascente real do rio São Francisco está localizada no planalto de Araxá, no município de Medeiros(3.444 hab.), integrante do circuito da serra da Canastra, em Minas Gerais, muito embora, durante anos, pensou-se que o "Velho Chico" tinha a sua nascente no município de São Roque, na Serra da Canastra, também naquele estado. Essa, em verdade, é hoje denominada de nascente histórica e fica a uma altitude de cerca de 1.200 metros. A nascente, no parque, é delimitada por um monumento a São Francisco de Assis, frei franciscano que, por seu amor à natureza, ficou mundialmente conhecido como protetor dos animais e das florestas. O rio, pois, surge em Minas, atravessa os estados da Bahia, de Pernambuco, de Alagoas e de Sergipe, desagua no oceano Atlântico e drena uma área de aproximadamente 641.000Km². Um extenso rio, que chega a medir 2. 863 km. De todo esse trecho, apenas 208 km constitui a extensão navegável do baixo São Francisco.
O rio está dividido em 4 regiões fisiográficas desde sua nascente até a sua desembocadura, no oceano Atlântico: o alto São Francisco que inicia nas cabeceiras na serra da Canastra, nos municípios de Medeiros e São Roque de Minas e vai até a cidade de Pirapora. Em seu curso está a Usina Hidrelétrica de Três Marias e suas sub-bacias são formadas pelos rios das Velhas, Pará, Indaiá, Abaeté e Jequitaí.
O médio São Francisco tem o seu trecho compreendido entre os municípios de Pirapora, em Minas Gerais, e Remanso, na Bahia. A região, por suas características geográficas, admite a subdivisão em médio superior e médio inferior. Suas sub-bacias são formadas pelos rios Carinhanha e Verde Grande. O médio superior tem características que mais se assemelham ao alto São Francisco.
O sub-médio São Francisco, que atravessa a região mais seca de todo seu percurso, inicia em Remanso e se estende até a cidade de Paulo Afonso, também na Bahia.
O médio São Francisco tem o seu trecho compreendido entre os municípios de Pirapora, em Minas Gerais, e Remanso, na Bahia. A região, por suas características geográficas, admite a subdivisão em médio superior e médio inferior. Suas sub-bacias são formadas pelos rios Carinhanha e Verde Grande. O médio superior tem características que mais se assemelham ao alto São Francisco.
O sub-médio São Francisco, que atravessa a região mais seca de todo seu percurso, inicia em Remanso e se estende até a cidade de Paulo Afonso, também na Bahia.
Nascente Histórica do rio São Francisco em São Roque de Minas em Minas Gerais. |
O baixo São Francisco, que constitui o trecho mais sofrido do rio, inicia em Paulo Afonso e termina na foz, no oceano Atlântico, entre os municípios de Piaçabuçu, em Alagoas e Brejo Grande, em Sergipe. Suas sub-bacias são formadas pelos rios Ipanema, Capivara, Traipu, Angicos, Santo Antônio, além de outros.
O caudaloso rio apresenta dois estirões navegáveis: no médio, com aproximadamente 1.371 quilômetros de extensão, entre Pirapora, em Minas Gerais, Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco, e no baixo, com 208 quilômetros, que vai de Piranhas, em Alagoas, e Canindé do São Francisco, em Sergipe, até a foz, no oceano Atlântico, entre as praias do Peba, e do Cabeço. Esta última, quase que desapareceu devido ao avanço do mar. O pequeno povoado do Cabeço era, na verdade, uma colônia de pescadores, situada na margem sergipana do rio, no município de Brejo Grande, rente a foz, que teve de se mudar. As casas, ou os seus escombros, ficaram submersas e a única lembrança do que antes existia ali, é a presença de um antigo farol, do tempo do império, que teima em resistir, mas, a cada dia, inclina um pouco e, certamente, um dia ruirá.
Farol do tempo do Império em Brejo Grande, Sergipe. |
Em
seu curso, há seis usinas hidrelétricas: Três Marias, inaugurada em 1962, localizada na região central de Minas Gerais, com 2.700 metros de cumprimento e 75 metros de altura, forma um reservatório de aproximadamente 21 bilhões de metros cúbicos de água. A história do seu nome é curiosa: nas imediações do São Francisco, onde seria construida a barragem, havia uma fazenda onde moravam três irmãs. Certo dia, apanhadas de surpresa por uma tromba d'água, as irmãs Maria Francisca, Maria das Dores e Maria Geralda terminaram morrendo afogadas. Por isso o nome da usina. Sua verdadeira denominação, entretanto, é Usina Hidrelétrica Bernardo Mascarenhas, pioneiro da indústria têxtil na região.
A Hidrelétrica de Paulo Afonso, em verdade, é um complexo de usinas - Paulo Afonso I, II, III e IV e tem a segunda maior capacidade instalada dentre as usinas do Brasil, somente perdendo para Tucuruí. A primeira do complexo foi inaugurada no ano de 1955, pelo presidente Café Filho. Característica marcante da hidrelétrica e a de ter sido a primeira usina instalada no Brasil no subterrâneo. Suas turbinas estão situadas a mais de 80 metros abaixo do nível do rio São Francisco. A usina Paulo Afonso IV possui uma das maiores cavernas do mundo, com 210 metros de extensão, 24 metros de largura e 55 de altura. O lago desta usina está ligado à barragem de Moxotó por meio de um canal onde surgiu a ilha de Paulo Afonso.
Itaparica. A hidrelétrica batizada com o nome de Luiz Gonzaga, em homenagem ao artista nordestino, surgiu da preocupação do governo brasileiro com a seca que assola a região do Nordeste, oportunidade em que, nos anos 70, foi criado um programa de desenvolvimento regional, dentre outros objetivos, com a finalidade de se tratar o solo e fomentar a agricultura. Foi escolhida, então, a cachoeira de Itaparica, localizada entre as cidades de Petrolândia e Glória, na Bahia, onde já existia uma antiga usina que não mais atendia às necessidades de energia elétrica da região. A barragem foi iniciada em 1979 e a obra durou 9 anos. Em 1988, a hidrelétrica começou a funcionar com um reservatório que ocupa uma área de 834 km², com capacidade para armazenar 12 bilhões de metros cúbicos de água e abrange vários municípios dos estados da Bahia e de Pernambuco.7 Um verdadeiro mar de água doce.
Moxotó. Construida em 1971, com capacidade de armazenamento de 1 bilhão de metros cúbicos de água, seu nome oficial é Usina Hidrelétrica Apolônio Sales, em homenagem ao ministro do governo Getúlio Vargas e ex-presidente da Companhia Hidrelétrica do São Francisco - CHESF. Está localizada a cerca de três quilômetros a montante do barramento das usinas Paulo Afonso I, II, III e IV, no município de Delmiro Gouveia, em Alagoas.
Sobradinho. Localizada entre os municípios de Sobradinho e Casa Nova na Bahia, a usina tem potência instalada de cerca de 1.050000 (um milhão e cinquenta mil) KV. Seu reservatório conta com uma superfície de espelho d'água de aproximadamente 4.219 (quatro mil, duzentos e dezenove) quilômetros quadrados, podendo armazenar até 34 (trinta e quatro) bilhões de metros cúbicos de água, o que a torna o terceiro maior lago artificial do mundo.
Finalmente, Xingó. A Hidrelétrica está localizada entre os estados de Alagoas e Sergipe. Com uma área alagada de 60 (sessenta) quilômetros quadrados e grande capacidade de produção elétrica, a usina foi e tem sido muito importante para o desenvolvimento de Alagoas e Sergipe, sobretudo para a região do alto Sertão dos dois estados. É considerada a mais moderna hidrelétrica da Chesf chegando a produzir 30% de energia da empresa. Essas hidrelétricas têm causado grande impacto negativo sobre os peixes da região, pois modificam o sistema fluvial, além do nível fluviométrico, de acordo com a geração de energia.
Barragem de Três Marias, Minas Gerais |
A Hidrelétrica de Paulo Afonso, em verdade, é um complexo de usinas - Paulo Afonso I, II, III e IV e tem a segunda maior capacidade instalada dentre as usinas do Brasil, somente perdendo para Tucuruí. A primeira do complexo foi inaugurada no ano de 1955, pelo presidente Café Filho. Característica marcante da hidrelétrica e a de ter sido a primeira usina instalada no Brasil no subterrâneo. Suas turbinas estão situadas a mais de 80 metros abaixo do nível do rio São Francisco. A usina Paulo Afonso IV possui uma das maiores cavernas do mundo, com 210 metros de extensão, 24 metros de largura e 55 de altura. O lago desta usina está ligado à barragem de Moxotó por meio de um canal onde surgiu a ilha de Paulo Afonso.
Hidrelétrica de Paulo Afonso na Bahia |
Itaparica. A hidrelétrica batizada com o nome de Luiz Gonzaga, em homenagem ao artista nordestino, surgiu da preocupação do governo brasileiro com a seca que assola a região do Nordeste, oportunidade em que, nos anos 70, foi criado um programa de desenvolvimento regional, dentre outros objetivos, com a finalidade de se tratar o solo e fomentar a agricultura. Foi escolhida, então, a cachoeira de Itaparica, localizada entre as cidades de Petrolândia e Glória, na Bahia, onde já existia uma antiga usina que não mais atendia às necessidades de energia elétrica da região. A barragem foi iniciada em 1979 e a obra durou 9 anos. Em 1988, a hidrelétrica começou a funcionar com um reservatório que ocupa uma área de 834 km², com capacidade para armazenar 12 bilhões de metros cúbicos de água e abrange vários municípios dos estados da Bahia e de Pernambuco.7 Um verdadeiro mar de água doce.
Barragem de Itaparica, entre os Estados da Bahia e de Pernambuco |
Moxotó. Construida em 1971, com capacidade de armazenamento de 1 bilhão de metros cúbicos de água, seu nome oficial é Usina Hidrelétrica Apolônio Sales, em homenagem ao ministro do governo Getúlio Vargas e ex-presidente da Companhia Hidrelétrica do São Francisco - CHESF. Está localizada a cerca de três quilômetros a montante do barramento das usinas Paulo Afonso I, II, III e IV, no município de Delmiro Gouveia, em Alagoas.
Barragem de Moxotó |
Sobradinho. Localizada entre os municípios de Sobradinho e Casa Nova na Bahia, a usina tem potência instalada de cerca de 1.050000 (um milhão e cinquenta mil) KV. Seu reservatório conta com uma superfície de espelho d'água de aproximadamente 4.219 (quatro mil, duzentos e dezenove) quilômetros quadrados, podendo armazenar até 34 (trinta e quatro) bilhões de metros cúbicos de água, o que a torna o terceiro maior lago artificial do mundo.
Usina Hidrelétrica de Sobradinho. |
Finalmente, Xingó. A Hidrelétrica está localizada entre os estados de Alagoas e Sergipe. Com uma área alagada de 60 (sessenta) quilômetros quadrados e grande capacidade de produção elétrica, a usina foi e tem sido muito importante para o desenvolvimento de Alagoas e Sergipe, sobretudo para a região do alto Sertão dos dois estados. É considerada a mais moderna hidrelétrica da Chesf chegando a produzir 30% de energia da empresa. Essas hidrelétricas têm causado grande impacto negativo sobre os peixes da região, pois modificam o sistema fluvial, além do nível fluviométrico, de acordo com a geração de energia.
Barragem de Xingó. |
Xingó. |
Quarto
maior da América do Sul, ao longo de toda sua extensão o rio São Francisco recebe
água de seus 168 afluentes, sendo que a maior parte deles seca,
conforme a época do ano, e varia consideravelmente de largura. Seus
principais afluentes são todos de Minas Gerais: rio Paracatú, situado quase que totalmente em Minas, com algumas áreas de topo adentrando no estado de Goiás e no Distrito Federal; rio Paraopeba, que nasce no município de Cristiano Otoni e desemboca na represa de Três Marias;
rio Abaeté, que se notabiliza pelo garimpo de diamantes e passa pelo município de São Gonçalo até chegar à foz; rio das Velhas, com suas nascentes na Cachoeira das Andorinhas, no município de Ouro Preto, sendo o maior afluente do São Francisco em extensão e o rio Jequitaí que nasce na serra do Espinhaço, dentro do Parque Nacional das Sempre-vivas, na região centro-norte mineira.
No
trecho que passa na região Sudeste, com maiores índices
pluviométricos, as margens são cobertas por vegetação típica do
cerrado e por florestas com árvores como o jacarandá e o cedro.
A
diversidade natural do São Francisco é muito grande. As partes
extremas da bacia, superior e inferior, apresentam bons índices
pluviométricos; por outro lado, os seus cursos médio e sub-médio
atravessam áreas de clima bastante seco. Cerca de 75% do deflúvio,
ou seja, do escoamento de suas águas, é gerado em Minas Gerais, e,
curiosamente, o tamanho da bacia ali inserida é de apenas 37% da área
total. Já a área compreendida entre a fronteira Minas Gerais/ Bahia
e a cidade de Juazeiro (BA) representa 45% do vale e contribui com
apenas 20% do deflúvio anual.
O rio São Francisco em seu estado maduro. (foto: autor) |
Os
depósitos de sedimentos recentes, os arenitos (espécie de rocha
sedimentar) e calcário dominam boa parte da bacia de drenagem e
funcionam como se fossem esponjas, para reter e liberar as águas
nos meses de estiagem.
O volume de água do São Francisco diminui à medida em que ele penetra no semiárido, quando sofre intensa evaporação e baixa pluviosidade. Apesar disso, o rio, de certo modo, mantém-se perene, em razão do mecanismo de retroalimentação que provém do seu alto curso e dos afluentes no centro de Minas Gerais e oeste de Bahia. Nesse trecho, o período das cheias ocorre de outubro a abril, com altura máxima em março, no fim da estação chuvosa. As vazantes são condicionadas à estação das secas, observadas normalmente entre os meses de maio a setembro.
O volume de água do São Francisco diminui à medida em que ele penetra no semiárido, quando sofre intensa evaporação e baixa pluviosidade. Apesar disso, o rio, de certo modo, mantém-se perene, em razão do mecanismo de retroalimentação que provém do seu alto curso e dos afluentes no centro de Minas Gerais e oeste de Bahia. Nesse trecho, o período das cheias ocorre de outubro a abril, com altura máxima em março, no fim da estação chuvosa. As vazantes são condicionadas à estação das secas, observadas normalmente entre os meses de maio a setembro.
Este
é um dos fatores que me fizeram refletir sobre o baixo rio São
Francisco. Para nós, não existe mais estação das cheias ou das
secas. Pouco importa se chove ou não em seu leito, ou em sua
cabeceira. As seis hidrelétricas traçam o futuro do
baixo rio, de acordo com a necessidade energética das cidades, ou,
mais ainda, das grandes indústrias. Piracema? Não existe. Pesca?
Cada vez mais escassa. Navegação? Somente com embarcação de baixo
calado. Ecossistema? Pouco importa às autoridades. Essas
personalidades políticas precisam se conscientizar de que as nossas
fontes energéticas não são inesgotáveis, e de que nós só temos
este planeta para viver - a Terra, cujo bem mais precioso é a água. O
grande surubim, os mandins, as
grandes xiras são, como a canoa de tolda,
coisas do passado.
Infelizmente,
a humanidade sempre tratou a água como algo inesgotável na
natureza. O desperdício é exagerado e os recursos são finitos. Em
algumas regiões da Terra o problema da escassez é chocante,
assustador. Países mais adiantados em cultura ambiental
têm enfrentado com muita competência a questão. É o caso, por
exemplo, de Israel, que, de forma sustentável, cuidou da dessalinização
das águas do mar de Tiberíades, ou mar da Galileia, como é mais conhecido, ou, ainda, lago de Genesaré (em linguagem hebraica) construindo, a partir dai, canais para
irrigação das plantações.
Disparidades regionais
Tem
sido comum no Brasil a construção de avenidas, estabelecimentos
comerciais e moradias em áreas naturalmente atingidas pelas águas
dos rios durante o período das cheias, e essa invasão dos limites
das várzeas dos rios tem ocasionado sérias consequências e
prejuízos: inundação dos trechos ocupados, destruição de
edificações, grandes engarrafamentos de trânsito, dentre outros
transtornos.
A
verdade é que as pessoas costumam expandir as fronteiras de suas
ocupações na cidade ou no campo, desrespeitando as áreas
necessárias ao equilíbrio dos processos físicos/
naturais.
No passado, descobrimos que a terra era azul e começamos a perceber que a economia caminhava para a globalização. Unificou-se o ciclo de produção e consumo em todo o mundo. Hoje o globo terrestre permanece azul, mas chegamos à conclusão de que a terra é finita, ou pelo menos, de que os seus recursos naturais são finitos.
No passado, descobrimos que a terra era azul e começamos a perceber que a economia caminhava para a globalização. Unificou-se o ciclo de produção e consumo em todo o mundo. Hoje o globo terrestre permanece azul, mas chegamos à conclusão de que a terra é finita, ou pelo menos, de que os seus recursos naturais são finitos.
Note-se
o caos nas margens do rio
Tietê, na cidade de São Paulo, na ocasião das enxurradas. No ano de 2010, enchentes causaram destruição em dezenas de cidades
edificadas nas bacias dos
rios Mundaú, Una, Sirinhaém, Piranji e Canhoto, em Pernambuco e Alagoas. Mais de dois anos depois
dessas enchentes, suas consequências ainda podem ser observadas nas
cidades de Rio Largo, União dos Palmares, Murici, Branquinha, São
José da Laje, Atalaia, São Luis do Quitunde, Paulo Jacinto e Santana do Mundaú em Alagoas, e em Palmares, Cortez, Barreiros, Correntes, Vitória do Santo Antão, Nazaré da Mata e Gravatá, em Pernambuco, além de outras, nos dois estados.
É
lógico
que muitas vezes essas situações ocorrem por desconhecimento das
fronteiras e necessidades dos processos físicos/naturais, ou, o que é pior,
por interesses empresariais que, visando exclusivamente ao lucro, extrapolam os limites de sua atuação legal. É o que acontece, por exemplo, quando uma grande
empresa despeja seu esgoto clandestinamente em um rio.
Esses acontecimentos são
inadmissíveis em pleno século XXI, sobretudo em um país como o
Brasil, que procura melhorar a sua imagem no cenário internacional
frente ao tema da
consciência ecológica e da sustentabilidade.
Por
outro lado, preocupa-nos a superpopulação do planeta. Segundo dados
publicados no Suplemento do Population Reports (GREEN nº 10),
no ano de 1988, “a situação da escassez de água em alguns países
já era bastante crítica. Eis, segundo a pesquisa, alguns exemplos,
em cada continente, do percentual de habitantes sem água potável:
Etiópia -83%, Afeganistão – 79%, Marrocos – 41%, Paraguai –
67%, Haiti – 60% e Polônia -11%.”
Estudos
mostram que os recursos naturais permanecerão os mesmos e a
população mundial duplicará em menos de 40 anos.
Interessante notar que quando, em 1961, o astronauta russo Yuri Gagarin constatou fascinado do espaço que a Terra, como observamos acima, era azul, despertamos para um tema que já começava a preocupar, e isso há mais de cinquenta anos: a água.
O planeta possui cerca de 75% de sua superfície coberta de água e, de toda água existente no mundo, 97% é salgada e apenas 3% doce, própria para o consumo. Está pequena quantidade de água para consumo, na verdade tende a diminuir e, para evitar um colapso futuro, temos que preservar as águas doces e salgadas. Hoje, em termos globais, a água é suficiente para todos. A sua distribuição, entretanto é irregular, como vimos antes. Os fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas estão 48% e nas zonas áridas e semiáridas apenas 2%, sem falar que as demandas de uso são extremamente diferentes.8 O grade problema que nos aguarda, repito, é a super população mundial que eclodirá em 30 ou 40 anos.
Providências urgentes precisam ser adotadas!
Interessante notar que quando, em 1961, o astronauta russo Yuri Gagarin constatou fascinado do espaço que a Terra, como observamos acima, era azul, despertamos para um tema que já começava a preocupar, e isso há mais de cinquenta anos: a água.
O planeta possui cerca de 75% de sua superfície coberta de água e, de toda água existente no mundo, 97% é salgada e apenas 3% doce, própria para o consumo. Está pequena quantidade de água para consumo, na verdade tende a diminuir e, para evitar um colapso futuro, temos que preservar as águas doces e salgadas. Hoje, em termos globais, a água é suficiente para todos. A sua distribuição, entretanto é irregular, como vimos antes. Os fluxos estão concentrados nas regiões intertropicais, que possuem 50% do escoamento das águas. Nas zonas temperadas estão 48% e nas zonas áridas e semiáridas apenas 2%, sem falar que as demandas de uso são extremamente diferentes.8 O grade problema que nos aguarda, repito, é a super população mundial que eclodirá em 30 ou 40 anos.
Providências urgentes precisam ser adotadas!
A
insistência em se desviar água do São Francisco gerará
consequências gravíssimas em poucos anos, a exemplo de grandes
desastres ambientais provocados pela ação do homem. O pequeno
deflúvio do canal e a evaporação altíssima que ocorrerá em todo
trecho, já que ele estará situado dentro do semiárido, justamente
na região chamada de polígono das secas, ou nas proximidades, é a
garantia, infelizmente, de que o ousado, faraônico e irresponsável
projeto não dará certo. O futuro mostrará.
Algumas
experiências ocorridas em várias partes do mundo se
transformaram em tragédias ambientais, e devemos nos inspirar nelas para colacionar o aprendizado necessário ao tratamento do
assunto com fundamentação lógica.
Mar de Aral
O
mar de Aral era um lago de água salgada, localizado na Ásia
Central. Mar de Aral significa mar das Ilhas e ele
continha em seu leito mais de 1.500 ilhas. O grande lago abrangia uma área de
68.000 km² - quase três vezes a dimensão do Estado de Alagoas - e
contava com cerca de 1100 km³ de volume de água, tendo sido, anos
atrás, o quarto maior lago do mundo. A indústria pesqueira era
próspera, a produção de pescados era excepcional. Pois bem, a
indústria se encontra praticamente destruída, e a dimensão atual
do mar está reduzida a apenas 10% do seu tamanho original. Tudo isso
fruto do desmatamento, da poluição e do desvio de águas.
Situação anterior e atual do mar de Aral. (foto: Wikimedia/Commons) |
A
modificação climática na região foi tamanha, em razão do quase
desaparecimento do mar, que, ali, os verões estão cada vez mais
quentes e secos, e os invernos, cada vez mais longos e frios. Cenas tristes e estranhas podem ser vistas no leito seco do mar de Aral: navios e
mais navios encalhados no deserto, rodeados de camelos e outros animais da região. Toda essa agressão ao mar de Aral foi cometida por comunidades de vários países outrora banhados pelo
importante lago interior.
O mar de Aral reduzido a 10% de sua área original. (foto: Wikimedia/Commons) |
O
Cazaquistão tem feito extremo esforço para recuperar o norte do mar
de Aral. Barragens foram construídas entre 2005 e 2008, de modo que,
nesse local, a água já subiu doze metros a partir do seu nível
mais baixo, em 2003. A salinidade caiu e, no norte, os peixes já são
encontrados em quantidades suficientes para alimentar as populações
da região. O desastre ambiental ocorrido naquela parte da Ásia foi
também resultado do processo de irrigação das estepes para o
plantio desordenado de algodão - além da transposição das águas
de pequenos rios que desembocavam em seu leito.9
Rio Tocantins
A
mortandade de peixes verificada ultimamente no rio Tocantins alertou
a Procuradoria da República no estado homônimo. A PGR está
apurando responsabilidades quanto à mortandade de peixe a jusante
– após, no sentido da correnteza do rio e das barragens das usinas
hidrelétricas de Peixe Angical, Lajeado e Estreito, buscando
soluções para esse problema, que vem se transformando no maior
desastre ambiental ocorrido em todos os tempos naquele grande rio.
Outros desastres
Desastres ocorreram, também, nos rio Mississipi e Colorado, nos Estados Unidos da América, e no africano rio Nilo, no Egito. O maior exemplo da ação maléfica do homem contra a natureza, no caso desses três rios, é o do rio Colorado que desemboca no golfo da Califórnia, no México: ele não consegue mais chegar à foz! É certo que o desenvolvimento da agricultura e da própria sociedade sempre esteve vinculado ao controle da água. Desde priscas eras o homem tem atuado sobre o sistema hídrico, buscando satisfazer às suas necessidades. Essa constante intervenção antrópica provocou diversas alterações na forma de captação de água, seja na acumulação em bacias artificiais, no represamento de rios, ou mesmo no traslado de águas de um rio para outro. As civilizações do antigo Egito, da China e da Índia eram chamadas de civilizações hidráulicas. A transposição de águas, pois, não é nenhuma novidade. Pelo contrário, é técnica bem antiga e bastante útil ao homem em face da necessidade de sua própria sobrevivência. A questão, entretanto, diz respeito à sustentabilidade. É preciso compatibilizar progresso com natureza e com meio ambiente. Esse é um assunto para gestores responsáveis e para técnicos. Não conheço nenhum estudo científico confiável que mostre que a transposição das águas do rio São Francisco seja viável. Registro, destarte, que sou contra a transposição do São Francisco da forma irresponsável como ela está sendo feita.
Outros desastres
Desastres ocorreram, também, nos rio Mississipi e Colorado, nos Estados Unidos da América, e no africano rio Nilo, no Egito. O maior exemplo da ação maléfica do homem contra a natureza, no caso desses três rios, é o do rio Colorado que desemboca no golfo da Califórnia, no México: ele não consegue mais chegar à foz! É certo que o desenvolvimento da agricultura e da própria sociedade sempre esteve vinculado ao controle da água. Desde priscas eras o homem tem atuado sobre o sistema hídrico, buscando satisfazer às suas necessidades. Essa constante intervenção antrópica provocou diversas alterações na forma de captação de água, seja na acumulação em bacias artificiais, no represamento de rios, ou mesmo no traslado de águas de um rio para outro. As civilizações do antigo Egito, da China e da Índia eram chamadas de civilizações hidráulicas. A transposição de águas, pois, não é nenhuma novidade. Pelo contrário, é técnica bem antiga e bastante útil ao homem em face da necessidade de sua própria sobrevivência. A questão, entretanto, diz respeito à sustentabilidade. É preciso compatibilizar progresso com natureza e com meio ambiente. Esse é um assunto para gestores responsáveis e para técnicos. Não conheço nenhum estudo científico confiável que mostre que a transposição das águas do rio São Francisco seja viável. Registro, destarte, que sou contra a transposição do São Francisco da forma irresponsável como ela está sendo feita.
Parte III
O baixo São Francisco
Nossos Primeiros habitantes
Foto de Indígenas (Foto retirada do site http://www.blogfolha.com/?p=79291) |
Estima-se que, logo após o descobrimento do Brasil, entre a margem esquerda do São Francisco e o território do hoje Estado do Rio Grande do Norte havia cerca de 150 mil índios caetés e potiguaras. O historiador Douglas Apratto Tenório afirma que já em 1631 existiam tão somente 7 mil índios e indaga: "Por onde ficaram tantos caetés, cariris, porus, caripós, sacacarinhãs, papaiazes, tupinambás, caroporás, abacatiáras, tacuruás, tomaquises, pipianos, tupinaés, jaconãs, umãs, pancararus, dentre outros?"
Havia tribos indígenas das três raças no território alagoano e na região do baixo São Francisco: Tupi, Tapuia e Caraíba. Os caetés pertenciam à raça Tupi e, segundo a historiadora Izabel Loureiro, “habitavam às margens do rio São Francisco, próximo da embocadura e em todo o litoral, até além do rio Igaraçu. Numerosos, viviam em constante correria, eram irrequietos e antropófagos”.
Havia tribos indígenas das três raças no território alagoano e na região do baixo São Francisco: Tupi, Tapuia e Caraíba. Os caetés pertenciam à raça Tupi e, segundo a historiadora Izabel Loureiro, “habitavam às margens do rio São Francisco, próximo da embocadura e em todo o litoral, até além do rio Igaraçu. Numerosos, viviam em constante correria, eram irrequietos e antropófagos”.
Os abacatiaras, também da raça Tupi, ocupavam as ilhas do São
Francisco, viviam da pesca e eram exímios canoeiros,
Os moriquitos, da raça Tapuia, viviam no seio das matas próximas ao rio São Francisco, no litoral e nas margens das lagoas. Já os umaús habitavam o extremo território alagoano, nas adjacências dos atuais municípios de Mata Grande e Água Branca, próximo do rio Moxotó. Coabitavam com os xocós, os pipianos, os romaris e os coropatis. Havia, também, as tribos dos cariris e aconãs, dentre outras. Algumas delas, como a dos cariris-xocós, sobreviveram e existem até hoje, por exemplo, em Porto Real do Colégio, em Alagoas.
Os moriquitos, da raça Tapuia, viviam no seio das matas próximas ao rio São Francisco, no litoral e nas margens das lagoas. Já os umaús habitavam o extremo território alagoano, nas adjacências dos atuais municípios de Mata Grande e Água Branca, próximo do rio Moxotó. Coabitavam com os xocós, os pipianos, os romaris e os coropatis. Havia, também, as tribos dos cariris e aconãs, dentre outras. Algumas delas, como a dos cariris-xocós, sobreviveram e existem até hoje, por exemplo, em Porto Real do Colégio, em Alagoas.
Sua
dimensão
Penedo, Alagoas, considerada a porta fluvial do sertão ( foto: arquivo jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Como
já disse acima, a extensão do baixo rio São Francisco é de 208
km, contados a partir da área externa da barragem de Xingó. Se
medirmos o trecho a partir da cidade de Paulo Afonso, na Bahia, até a
foz, no sentido Oeste-leste, ou seja, a jusante, sua extensão vai a 265km. Sua bacia
compreende os estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas,
ocupando uma área total de 30.377 km², equivalente a 5% de toda
área da Bacia do São Francisco, correspondendo à menor porção
dentre as quatro subdivisões da bacia. O baixo São Francisco é
utilizado para diferentes finalidades sociais e econômicas. O
abastecimento de água para as populações urbanas, inclusive para
cidade de Aracaju, Capital do Estado de Sergipe; a irrigação da
agricultura, com plantio de culturas de ciclo curto; a aquicultura
(criação de camarão), o ecoturismo, a navegação, além da
exploração da hidro-eletricidade através da Usina de Xingó, mostram
a vital importância do baixo rio. Entre os seus afluentes, podemos
destacar os rios Ipanema, Capiá e Traipu, situados à sua margem
esquerda, no Estado de Alagoas, e os rios Santo Antônio e do Aterro,
situados na margem direita no estado de Sergipe.
Tambaqui pescado em açudes às margens do rio. (foto: autor) |
A
vazão média natural do baixo São Francisco, verificada na estação
de medição da cidade de Pão de Açúcar, em Alagoas, é de
2.847m³/s. Na estação da cidade de Traipu, também em Alagoas, a
vazão é de 2.980m³/s. Os reservatórios construídos na calha
principal, no submédio São Francisco, regularizam uma vazão de
cerca de 2.100m³/s. Podemos afirmar que o baixo rio, na altura de Piranhas, em Alagoas, é um rio juvenil; já em Traipu, torna-se um rio maduro. A partir de Piaçabuçu até a foz, o Velho Chico se encontra em seu estado senil. Vale destacar que a expressão "senil", empregada para definir o rio em sua embocadura, serve, também, como imagem das consequências de inúmeras e irracionais agressões que o rio vem sofrendo em seu curso desde o nascedouro, a contar os desmatamentos, as barragens, o depósito de esgotos domiciliares em suas águas, as adutoras, e, agora, a projeção da malfadada transposição de que ora se cogita.
O rio São Francisco como meio de integração das regiões do Brasil.
O
nome de Rio
da Integração Nacional surgiu quando se percebeu, ainda durante a
colonização, que o rio seria uma forma de se ligar o Nordeste a
outras regiões do país, sobretudo à região Centro-Oeste, através
dos sertões de Goiás. Grandes embarcações singravam as suas águas,
levando as riquezas produzidas em seus vários trechos.
Canoa Cacilheira utilizada no rio Tejo, em Portugal, que inspirou as nossas "chatas". |
Começaram
a aparecer as canoas de pescaria, as chatas e as famosas canoas
de tolda, cujas
construções
teriam
sido inspiradas nas embarcações portuguesas que navegavam nos rios
Douro
e Tejo, tipo canoa
cacilheira e o bote
do Pinho. As chatas
ainda hoje são vistas no Velho Chico: embarcação do tipo bateira,
de proa desenvolvida, fundo chato e convés corrido, possui,
normalmente na popa, ou ré, um resguardo encerado para descanso da
tripulação e guarda de utensílios. Já as canoas de tolda, que tinham como característica um grande toldo em sua proa, usado para acomodação de passageiros
e mantimentos, desapareceram do baixo rio. Uma das raras existentes na atualidade foi resgatada em Propriá, em Sergipe, há cerca de oito anos, pelo então prefeito de Piranhas, em Alagoas, Inácio Loiola de Freitas Damasceno, um fervoroso ambientalista e defensor do Velho Chico.
A velha canoa de tolda, completamente recuperada, pintada em verde e amarelo, serve, hoje, de atração turística na cidade de Piranhas e carrega imponentemente o seu nome entalhado em ambos os lados "Piranhas".
O Velho Chico, vendo-se as antigas Canoas de Tolda. (foto: arquivo jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
A famosa canoa de pescaria (foto: autor) |
Época dos vapores. Navio de passageiros - Sinibú - Penedo Alagoas. ( foto: arquivo jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Com
o passar dos anos, foram surgindo os vapores,
as lanchas, os navios, com
destaque para as lanchas
“Tupã”, “Tupi” e Tupiji”, Vila Nova, além do navio Sinimbú e do famoso navio Comendador Peixoto, exemplo de luxo e conforto
no outrora farto, caudaloso e
pujante Opará.
Lancha a vapor Vila Nova, 1919. ( foto: arquivo jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Seguramente,
em razão do alto calado desses tipos de lancha e navio,
seria impossível, hoje, o uso dessas embarcação no depauperado rio.
Mas, voltando ao
passado, como ligar o baixo
ao alto São Francisco?
No século XIX, o imperador D. Pedro II, após visitar o baixo São Francisco e conhecer a cachoeira de Paulo Afonso, mandou levantar dados sobre o rio para utilização de suas águas das mais variadas formas. Nos anos de 1866 e 1867, o imperador autorizou, mediante decreto, a abertura do curso do rio para embarcações mercantes de todas as nacionalidades. Toda região do baixo São Francisco foi favorecida pela intensa navegação, ocasião em que teve início um grande período de prosperidade.
No século XIX, o imperador D. Pedro II, após visitar o baixo São Francisco e conhecer a cachoeira de Paulo Afonso, mandou levantar dados sobre o rio para utilização de suas águas das mais variadas formas. Nos anos de 1866 e 1867, o imperador autorizou, mediante decreto, a abertura do curso do rio para embarcações mercantes de todas as nacionalidades. Toda região do baixo São Francisco foi favorecida pela intensa navegação, ocasião em que teve início um grande período de prosperidade.
Interessante
notar que, além da "abertura" do Velho Chico para o comercio e para a navegação mercantil internacional, “durante o Segundo Reinado, os caminhos de ferro
constituíram, em seguida, a forma predominante,
quase exclusiva, que tornaram os investimentos públicos de caráter
reprodutivo”10.
Logo, já na segunda metade
do século XIX, o sertão alagoano viveu uma grande fase de progresso
e fartura, graças à capacidade de o sertanejo se
adequar ao moderno meio de
transporte que surgia: a estrada de ferro. Foi o caso da Estrada de
Ferro de Paulo Afonso, inserida, na época, no conjunto de medidas
liberalizantes dos investimentos nas estruturas de transporte, “com
a dupla missão de
ligar comercial e socialmente o alto ao baixo São Francisco e
aproveitar os braços de milhares de brasileiros para a sua
construção (idem).”
O
início da construção da mencionada estrada, em 1878, foi uma prova
de mérito político que não recuou diante dos problemas vitais de
uma região promissora, como o sertão alagoano, que vivia isolada
pela falta de comunicação e transporte.
A
verdade, entretanto, é que a Estrada de Ferro Paulo Afonso enfrentou
inúmeros problemas financeiros e de ordem política, tendo sido
considerada deficitária, até que, no início
do período da ditadura militar pós-1964, foi
autorizada a sua desativação. Segundo o
pesquisador Luiz Ruben Bomfim,
a completa desativação da ferrovia somente ocorreu no dia 08 de
junho de 1964.
A
cobertura vegetal original do baixo São Francisco é representada
por extensas áreas de caatinga, que se constitui num tipo xerófito
de vegetação, ou seja, com adaptações funcionais contra a falta
de água, desenvolvidas em função do baixo nível de precipitação
pluviométrica da região do semiárido.
Existem, em verdade, duas variações desse tipo de vegetação: a
caatinga arbórea aberta e a caatinga arbórea densa. Esta se
caracteriza por apresentar um estrato arbóreo denso, com espécies
que variam de 8 a 10 metros de altura. A outra variação apresenta
uma cobertura lenhosa de estrutura aberta e porte baixo.
Em nosso pequeno sítio, localizado no entorno de Traipu, Alagoas, rente ao São Francisco, cujo nome é Rancho São Francisco, mantemos uma pequena reserva de cerca de 5 hectares de caatinga das duas espécies.
Tendo o Velho Chico ao fundo, a paisagem natural forma um belo quadro que encanta os visitantes e nos enche de orgulho.
Mangueira solitária entre o rio e a caatinga. (foto: autor) |
Em nosso pequeno sítio, localizado no entorno de Traipu, Alagoas, rente ao São Francisco, cujo nome é Rancho São Francisco, mantemos uma pequena reserva de cerca de 5 hectares de caatinga das duas espécies.
Rancho São Francisco em Traipu, Alagoas. (foto: autor) |
Tendo o Velho Chico ao fundo, a paisagem natural forma um belo quadro que encanta os visitantes e nos enche de orgulho.
Capelinha de Nossa Senhora do Ó, no Rancho São Francisco, em Traipu. (foto: autor) |
Já
nas proximidades do litoral, tanto em Sergipe como em Alagoas,
aparecem dois tipos de ambientes:
a restinga e os mangues,
além da mata Atlântica. Na
verdade, o que temos hoje são resquícios da mata
Atlântica, infelizmente.
O
clima predominante no baixo São Francisco é quente e seco.
Ultimamente, a região vive uma de suas piores secas, apesar das
chuvas que ocorreram com força no mês de outubro de
2013.
Alagoas
é o estado que tem a maior área dentro da bacia do baixo
São Francisco (12.797 km²), o que representa cerca de 46% de sua
área total(30.377 km²). Pernambuco ocupa a segunda maior área
(7.474,6 km²), seguido de Sergipe, com área um pouco menor (7.042,6) e da Bahia, com uma área bem menor (2.962,9).
Atividades produtivas
Predominam
no baixo
São Francisco a agricultura de sequeiro e a agricultura irrigada, com
a produção de milho, mandioca,
algodão, sisal, abacaxi, fumo, hortaliças, banana e café. A
indústria no baixo
São Francisco, pode-se afirmar, está praticamente concentrada em
Alagoas, com a produção regional de açúcar,
álcool e fumo.
Algumas cidades da bacia do sub-médio e do baixo São Francisco
Canudos,
município baiano, inserido no Polígono das Secas, tem o seu nome
associado a Antônio Vicente Mendes, o Antônio Conselheiro,
protagonista da “Guerra de Canudos”.
Itapetin,
município pernambucano, cujo nome significa pedra achatada branca, no passado, a cidade era conhecida como Umburanas, devido à existência de
grande quantidade dessas árvores em suas imediações.
Cabrobó,
terra da cebola, localizada no Sertão do São Francisco, em
Pernambuco, perto da Bahia, berço da transposição. O nome
significa árvore de urubus.
Tacaratu,
cidade fundada pelos índios pancararus, umaús e geriticó e situada
no sub-médio São Francisco, em Pernambuco.
Belo
Monte, cidade situada no baixo São Francisco, em Alagoas, foi
batizada com esse nome por D. Pedro II.
Propriá,
a Princesinha do baixo São Francisco, é considerada a segunda mais
rica cidade de Sergipe, liderando o comércio atacadista de todo baixo
rio.
Cidade de Propriá em Sergipe. (foto: autor) |
Igreja Nova. Antes denominada de ponta das Pedras pelos pescadores que vinham de Penedo, o município é um dos maiores produtores de arroz do estado e hoje produz a cana, além de desenvolver projetos de piscicultura. Tendo como fonte de renda, também, a pecuária, tem contribuído para o seu desenvolvimento, atualmente, a existência da usina Marituba, de açúcar e álcool em seu território. Cidade aconchegante, possui um dos mais belos templos católicos de Alagoas, a Igreja de São João Batista, seu padroeiro, cujas badaladas dos seus sinos podem ser ouvidas a uma distância de 6 km. A igreja foi edificada em 1908, com a ajuda dos frades alemães.
Delmiro
Gouveia, o único município alagoano que faz divisa com os estados da Bahia,
de Pernambuco e de Sergipe. Foi batizado com este nome em homenagem a um
grande industrial e empreendedor cearense: Delmiro Gouveia, fundador da fábrica de linhas da Pedra que, para isso, usava a energia gerada pelo São Francisco.
Piaçabuçu.
Localizado em Alagoas, o município situa-se entre o oceano Atlântico
e o rio São Francisco. A última cidade banhada pelo "Velho Chico".
Destaque para a grande produção de pescados, do mar e do rio.
Cidade de Piaçabuçu - Alagoas (foto:Claudemir Mota) |
Amparo
do São Francisco, bonita e aconchegante cidade do Estado de Sergipe.
Amparo do São Francisco. Sergipe. |
Porto
Real do Colégio, em Alagoas, situa-se defronte a Propriá, em
Sergipe. Cidade bela e próspera. Por volta do século XVII, bandeirantes que desciam o São Francisco, com os padres jesuítas, procuraram catequizar as diversas tribos indígenas ali existentes, dentre elas a dos cariris, a dos aconãs e a dos tupinambás. O seu nome, segundo os pesquisadores, deveria ser Colégio do Porto Real, em razão da existência do colégio Real fundado pelos jesuítas em suas terras.
Porto Real do Colégio em Alagoas, com a imagem de Bom Jesus dos Navegantes banhada pelas águas do "Velho Chico". (foto: autor) |
São
Brás, município alagoano, situado logo acima de Porto Real do Colégio, tem como característica histórica o fato de já haver pertencido a Arapiraca, a Traipu e a Porto Real do Colégio. Portanto, foi criado e recriado algumas vezes contando, curiosamente, com datas diversas de emancipação. Recebeu a visita do imperador D. Pedro II, quando de sua viagem pela rota do São Francisco.
Gararu,
município próspero, localizado no baixo São Francisco, em Sergipe. A
cidade se notabiliza por sua beleza e pelo grande cais.
Pão
de Açúcar é uma das mais bonitas cidades do baixo São
Francisco. Situada em Alagoas, dizem que os reflexos da Lua nas águas
do rio deram o seu primeiro nome: “Jaciobá”, que significa
“espelho da Lua”, em guarani. Consta que em 1959, Pão de Açúcar, então Jaciobá despontava como um dos principais exportadores de carne e de couro, o que era feito através da desembocadura do rio Panema.
Traipu
é um município do Estado Alagoas, cuja sede se acha assentada sobre uma pequena
colina situada às margens do São Francisco. Região de concentração
indígena, quando povoado recebeu o nome de Porto da Folha.
Vista da Cidade de Traipu no Estado de Alagoas. (foto: Autor) |
Porto Da Areia, Traipu, Alagoas. (foto: Claudemir Mota) |
Piranhas,
cidade localizada em Alagoas, praticamente no início do baixo
São Francisco, Ficou conhecida nacionalmente por ser a cidade onde
as cabeças de Lampião e de outros cangaceiros do seu bando ficaram expostas,
após decapitação. A cidade é considerada a porta de entrada para
se fazer a rota do cangaço (passeio turístico). O ciclo do cangaço se desenvolveu, em parte, no território do São Francisco e em grande parte de sua bacia. Era através do rio que Lampião, Maria Bonita e seu bando, faziam incursão por todo o Sertão. A foz do rio Angicos é visita obrigatória para os turistas.
Cidade de Piranhas - início do baixo São Francisco em Alagoas. (foto: Gilton 14/12/2005) |
A correnteza das águas do velho Chico, no município de Gararu, Sergipe. (foto: Donatila Medeiros) |
Foz do riacho do buraco da Maria Pereira. (foto: Donatila Medeiros) |
Canindé
do São Francisco, município
sergipano situado no Polígono das secas. Em suas imediações está
a Usina Hidrelétrica de Xingó. Além do São Francisco, a região é
drenada pelo riacho Lajedinho e pelo rio Curituba.
Neópolis. Cidade de grande importância histórica situada no baixo São Francisco, no Estado de Sergipe, é considerada a capital sergipana do frevo, em razão do seu animado carnaval. A região viveu muitos anos sob o domínio dos holandeses. Maurício de Nassau chegou a residir em Neópolis que conta hoje, como grande destaque histórico, cultural e turístico, com a belíssima igreja do Rosário, tombada pelo IPHAN como patrimônio histórico nacional.
Penedo é uma das cidades históricas mais belas do Brasil. Situada na região sul de Alagoas, já teve seus tempos áureos, quando o comercio regional era praticado através do baixo São Francisco. O município esteve sob o domínio dos holandeses de 1637 a 1645. Hoje, sua principal fonte de renda é originada da produção da cana de açúcar, do arroz, do coco e da pecuária. É a cidade, também, um importante destino turístico. O seu patrimônio histórico é dos mais importantes do Nordeste, destacando-se o convento de Nossa Senhora dos Anjos, do Século XVIII, de estilo barroco, a igreja de São Gonçalo Garcia, a igreja de Nossa Senhora da Corrente e o Passo Imperial.
Matriz de Canindé do São Francisco, Sergipe. |
Neópolis. Cidade de grande importância histórica situada no baixo São Francisco, no Estado de Sergipe, é considerada a capital sergipana do frevo, em razão do seu animado carnaval. A região viveu muitos anos sob o domínio dos holandeses. Maurício de Nassau chegou a residir em Neópolis que conta hoje, como grande destaque histórico, cultural e turístico, com a belíssima igreja do Rosário, tombada pelo IPHAN como patrimônio histórico nacional.
Penedo é uma das cidades históricas mais belas do Brasil. Situada na região sul de Alagoas, já teve seus tempos áureos, quando o comercio regional era praticado através do baixo São Francisco. O município esteve sob o domínio dos holandeses de 1637 a 1645. Hoje, sua principal fonte de renda é originada da produção da cana de açúcar, do arroz, do coco e da pecuária. É a cidade, também, um importante destino turístico. O seu patrimônio histórico é dos mais importantes do Nordeste, destacando-se o convento de Nossa Senhora dos Anjos, do Século XVIII, de estilo barroco, a igreja de São Gonçalo Garcia, a igreja de Nossa Senhora da Corrente e o Passo Imperial.
Igreja de São Gonçalo Garcia em Penedo, Alagoas, em 1919. (foto: arquivo jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Igreja de São Gonçalo Garcia, Penedo AL, vendo-se, ao fundo, a ilha que hoje, em razão da vazão do São Francisco juntou-se à terra firme. (foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Enchente do rio São Francisco em Penedo, Alagoas, em 1952. (foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Grande movimento de embarcações em Penedo, Alagoas. (foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Canoeiro içando a vela de sua "chata". (foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Porto Maurício de Nassau em Penedo, Alagoas, vendo-se, mais uma vez, as velhas canoas de tolda. (foto: arquivo 1942 - Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Grande enchente do rio São Francisco em 1919 - Penedo, Alagoas. (foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
O DESLUMBRANTE VAPOR DO SÃO FRANCISCO. UMA TRAJETÓRIA QUE SE TRANSFORMOU EM AMARGURADA TRISTEZA.
Texto: Nilo Sérgio Pinheiro (janeiro de 2008)
"Em 1919 chega à cidade do Penedo, o navio Comendador Peixoto. Iria substituir o Sinimbu, que desde o ano de 1870, fazia o percurso Penedo a Piranhas, transportando cargas e passageiros, constituindo-se em grande atração por onde atracava. Antes de ser batizado, com o seu novo nome, o navio Comendador Peixoto era conhecido como Jaminauá. Adquirido pela Companhia Baiana de Navegação, veio do Pará, onde serviu aquele Estado por vários anos. Chegou a Penedo rebocado pelo vapor Viapoc. Embora não fosse do mesmo tamanho de seus antecessores, tornou-se o mais famoso de todos. Mesmo sendo uma embarcação de porte simples, sua versatilidade em muito contribuiu para o seu sucesso em águas sanfranciscanas. De Piranhas a Penedo, fazia o percurso sem atropelos, e com versátil desenvoltura, parando nos entrepostos para pegar passageiros, descarregar e embarcar mercadorias. À sua chegada, sempre havia o fervilhar entusiástico da população ribeirinha, que via nele o mensageiro de boas novas. Era, na realidade, a empolgação que se refletia na animação geral daqueles que chegavam para reverenciar a sua imponente envergadura. Uma presença importante nas tradicionais festas de bom Jesus de Navegantes tanto do Penedo como das diversas localidades ribeirinhas. Seu apito estridente anunciava a sua empolgante chegada. Entusiasmava todos aqueles que no alto da rocheira, presenciavam a sua partida, ou chegada. De origem italiana, ele prestou relevantes serviços à comunidade de Belém do Pará por vários anos, quando, finalmente, foi adquirido para substituir o Sinimbu, que, apesar de robusto, já vinha declinando e dando sinais de esgotamento. Como o serviço de restauração seria igual ao preço de um novo navio, optou-se pela compra de uma nova embarcação. A partir de 1919, Penedo recebia o navio Comendador Peixoto com pompas e alegria. Houve um tremendo reboliço na cidade, com a população entusiasticamente chegando ao cais Maurício de Nassau para homenageá-lo, e dizer de sua grande satisfação em ter mais um imponente vapor a serviço de sua navegação. Em sua viagem inaugural praticamente toda a população foi presenciar a sua partida. Para retribuir tamanha demonstração de apreço, ele não se fez de rogado, engalanou-se todo, com várias fileiras de bandeirolas, que tremulavam ao sabor do vento. Presentes estiveram as autoridades locais, assim como a banda de música do batalhão dos voluntários da pátria , que, além de tocar o hino nacional, entoou inúmeros dobrados do cancioneiro popular. Não será exagero dizer que o navio Comendador Peixoto era na verdade uma extensão do próprio Penedo, levando consigo a presença constante da grandeza da cidade ribeirinha. Durante a viagem regular que fazia até a cidade de Piranhas, no alto sertão alagoano, ele parava em inúmero lugarejos, e cidades, sendo constantemente alvo de muita curiosidade popular. Era comum ver as pessoas acompanharem a sua trajetória das margens do rio São Francisco. Alguns a pé, outros a cavalo. Com todos demonstrando o exuberante entusiasmo pela grandiosidade daquela majestosa embarcação. Quando fazia anualmente a viagem para as festividades do bom Jesus dos Navegantes de Propriá, levando inúmeras pessoas a bordo, havia sempre a animação de uma orquestra que alegrava pelo prazer que proporcionava. No decorrer dos anos trinta do século XX, apareceu uma canção que dizia da importância do navio Comendador Peixoto: 'O rei do São Francisco não é de carne nem de osso. É feito de ferro e muito poderoso. Se algum dia eu tiver que ir ao sertão, vou ligeiro, mas logo estarei de volta ao meu estimado torrão'. O Comendador Peixoto não somente deixou saudade para a população de Penedo, também marcou indelevelmente a sua presença na história do baixo São Francisco. Sem ele a história do rio não seria tão empolgante e atraente".
O deslumbrante navio Comendador Peixoto. (foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Cidade de Penedo, em Alagoas, vendo-se, ao fundo, o exuberante hotel São Francisco. (Foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Cidade de Penedo, Alagoas. (Foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Igreja de Nossa Senhora da Corrente, Penedo, Alagoas. (foto: Claudemir Mota) |
Selo - O bondinho de Penedo - Transporte comunitário - 1936. (foto: arquivo Jornalista Nilo Sérgio Pinheiro) |
Capítulo II
A Viagem
Parte I
Na segunda quinzena do mês de novembro de 2013, terá início uma expedição composta pelo autor e amigos, com a finalidade de, a borda da lancha "Catita do Rancho", percorrer todo o baixo São Francisco, oportunidade em que serão catalogados afluentes, ribeiras, lagoas, vegetação e prédios históricos das cidades visitadas. (Aguardem)
Lancha "Catita do Rancho" - Traipu, Alagoas. (Foto: autor) |
Referências
ALBUQUERQUE,
Isabel Loureiro de. História de Alagoas. Maceió: Sergasa,
2000.
ANDRADE,
Nélson Luiz Sampaio de. A cobrança pelo uso dos recursos
hídricos, Revista de Direito Ambiental.nº 4. São Paulo: Editora ,
1996.
BOMFIM,
Luiz Ruben F. de A. Estrada de Ferro Paulo Afonso. Paulo
Afonso: Graftech, 2001.
CARVALHO,
José Murilo de. D. Pedro II – ser ou não ser. São Paulo:
Cia das Letras, 2007.
CARVALHO, Marcos Bernardino de - Geografias do Mundo, Marcos Bernardino de Carvalho, Diamantino Alves Correia Pereira. São Paulo - Fronteiras, FTD, 2005
COSTA, Craveiro. História das Alagoas. São Paulo. Livraria José Olímpio.1928.
CRUZ,
Fernando Castro da. EUD. São Paulo 1993.
Daily
Telegraph.. Aral Sea one of the planet's worst environmental
disasters. Pagina visitada em 2010.
TENÓRIO, Douglas Apratto. Rio São Francisco um ninho de culturas. Douglas Apratto Tenório/Carmem Lúcia Dantas. Maceió: Sebrae/Edufal. 2010.
TENÓRIO, Douglas Apratto. Capitalismo e ferrovias no Brasil. 2ª ed. Curitiba: HD Livros,1996.
TENÓRIO, Douglas Apratto. Capitalismo e ferrovias no Brasil. 2ª ed. Curitiba: HD Livros,1996.
GOMES,
Telmo. Embarcações portuguesas. Lisboa: Edições Inapa, 1977.
MELLO,
Evaldo Cabral de. O norte agrário e o império. Rio de Janeiro:
Topbooks, 1999.
SAMPAIO, Theodoro. O rio de S. Francisco e a chapada Diamantina. Bahia: Editora Cruzeiro, 1938.
SILVA, Davi Roberto Bandeira da. A Construção da Estrada de Ferro Paulo Afonso. Maceió, IHGAL, Gráfica e Editora Saber, 2012.
U.S
Geological Survey – Earthshots: Aral Sea Pagina visitada em 2010
Notas
¹ http//www.cartamaior.com.br Como morrer de sede com água no joelho. Por João Suassuna. 08/03/2005. Pag. visitada em 15/02/2013.
-http//www.cartamaior.com.br Na iminência do primeiro equivoco. por João Suassuna. 11/07/2003. (ídem)
² http/www.ecodebate.com.br Transposição do rio são Francisco; um crime ambiental e social. por Frei Gilvander Moreira. Pag. visitada em 26/10/2013.
³ http/www.infoescola.com Transposição do rio São Francisco por Caroline Faria. Acesso em 10/10/2013.
4 http//www.maniadehistória.word.press.com O mito da transposição do São Francisco. por João Abner Guimarães Júnior - maio de 2004. Pag. visitada em 27/10/2013.
5 ttp/wwwcptnacional.org.br/index.php/notícias/48-rio-são-francisco. Entrevista de Roberto Malvezzi ao Poetal Minas Livre. Pag. visitada em 03/11/2013
6 httpwww2.uolbr/JCsites/indios/terra 3htm1 - Transposição é tema de polêmica nas aldeias. Pag. visitada em 26/10/2013.
7 http//www;itanotempo.com.br História de Itaparica. Acesso em 21/10/2013.
8 http//www.ebah,com,br/contentABAAAAPDoAD/água doce pag visitada em 20/10/2013.
Notas
¹ http//www.cartamaior.com.br Como morrer de sede com água no joelho. Por João Suassuna. 08/03/2005. Pag. visitada em 15/02/2013.
-http//www.cartamaior.com.br Na iminência do primeiro equivoco. por João Suassuna. 11/07/2003. (ídem)
² http/www.ecodebate.com.br Transposição do rio são Francisco; um crime ambiental e social. por Frei Gilvander Moreira. Pag. visitada em 26/10/2013.
³ http/www.infoescola.com Transposição do rio São Francisco por Caroline Faria. Acesso em 10/10/2013.
4 http//www.maniadehistória.word.press.com O mito da transposição do São Francisco. por João Abner Guimarães Júnior - maio de 2004. Pag. visitada em 27/10/2013.
5 ttp/wwwcptnacional.org.br/index.php/notícias/48-rio-são-francisco. Entrevista de Roberto Malvezzi ao Poetal Minas Livre. Pag. visitada em 03/11/2013
6 httpwww2.uolbr/JCsites/indios/terra 3htm1 - Transposição é tema de polêmica nas aldeias. Pag. visitada em 26/10/2013.
7 http//www;itanotempo.com.br História de Itaparica. Acesso em 21/10/2013.
8 http//www.ebah,com,br/contentABAAAAPDoAD/água doce pag visitada em 20/10/2013.
9 ptwikipédia.org/wiki/Mar de Aral - pag. visitada em 06/04/2013.
10 MELLO, Evaldo Cabral de. O norte agrário e o império, 1871-1889. Rio de Janeiro: Topbooks, pag.191.
10 MELLO, Evaldo Cabral de. O norte agrário e o império, 1871-1889. Rio de Janeiro: Topbooks, pag.191.
Uma verdadeira declaração de amor ao Velho Chico. Parabéns!
ResponderExcluirGrande matéria essa do Rio São Francisco ! Parabéns !
ResponderExcluirAcompanho, desde sempre, sua história de amor com o tão lindo e importante "Velho Chico". É uma grande pena para todos e, principalmente, para os ribeirinhos ver todo esse descaso com o, hoje, tímido São Francisco.. pois, há muito, perdeu a exuberância das suas águas e tenta dar seu último suspiro. Continue dando sua contribuição ao seu, também, amado São Francisco, pai. A nós resta a esperança, que, como você sempre diz, nas palavras de Vieira, é a “doce companheira da alma”. Parabéns pelo importante trabalho!
ResponderExcluirMatéria de excepcional qualidade. Parabéns.
ResponderExcluir
ResponderExcluirMatéria excepcional sobre o Rio São Francisco. Infelizmente as autoridades parecem ignorar o risco da transposição. Estaríamos matando o Rio que é o hoje o principal meio de vida de tantos alagoanos. Parabéns pelo belíssimo trabalho !
Excelente trabalho! Pesquisas como estas merecem destaque e devem ser amplamente divulgadas à população, para que se possa dar uma dimensão do problema da transposição, bem como para que o povo tome consciência de que deve lutar pela preservação do Velho Chico, antes que seja tarde demais....Parabéns Dr. Eduardo, por mais uma contribuição a este patrimônio nacional
ResponderExcluirDestaca-se a preocupação do autor da matéria sobre o que vem acontecendo com o “Velho Chico”, demonstrando sobre o assunto um vasto conhecimento geológico e científico, fazendo um alerta sobre os riscos previsíveis e as conseqüências incalculáveis, no que se refere “A Transposição das Águas do rio São Francisco”. Para os ribeirinhos resta acreditar que existem pessoas sérias e com capacidade de lutar, com todas as forças, por um Rio São Francisco revitalizado, vigoroso em suas correntes que se unem as necessidades do povo a sua margem. Parabéns Dr. Eduardo Tavares pela matéria, que é muito importante para todos nós!!!!!!
ResponderExcluirRio de bondade
ResponderExcluirÓ, Rio São Francisco,
Tão bonito e caudaloso, um dia, no passado,
Foi soberbo e majestoso
Mandins, caras, xiras e surubins
Arroz, mandioca muito milho e feijão
Em seu leito transportava muitas riquezas, emfim
Arquitetura barroca, gótica e colonial
Reisado, chegança e coco de roda
Grande época de grandeza cultural
Propriá, Penedo e Traipu
Belo Monte, Piranhas e Cabrobó
Apesar de tanto sofrer, une o seu povo em um só
De tanto servir definhou e emagreceu
De tanto dar de beber quase secou
De tanto ser explorado quase morreu
Agora querem mudar, suas águas pra bem longe
É um ato de violência, incompetência e desatino
Mesmo pra matar a sede dos nossos irmãos nordestinos
Primeiro devemos ajudar o Velho Chico a viver
Fortalecendo suas margens, evitando a poluição
E só assim, poderemos, muita água fornecer
Somos um grande País, formamos uma grande Nação
De norte a sul, de leste a oeste, no agreste ou no sertão
Devemos todos gritar: salvem o rio da integração
Pelo Nordeste inteiro percorre o belo rio
Grandeza, alegria e felicidade
É diversão à vontade
Autor: LUIZ EDUARDO MEDEIROS MENDES
( o autor tem nove anos de idade)
Dr. Eduardo, sabia que o senhor é um dos melhores professores de direito Penal de Alagoas. Surpreende-me, com muita alegria, observar que o senhor é também um grande articulista e historiador, Parabéns pela bela matéria acerca do Velho Chico. Precisamos de homens com consciência ecológica e comprometido com as futuras gerações.
ResponderExcluir" Recordar é viver". Mergulhei na fantástica obra sobre o velho chico. Não se pode cobrar das próximas gerações para que cuide da natureza e do meio ambiente, sem mostrar o brilho da nossa história, o suor derramado pelos antecessores para o desenvolvimento das cidades ribeirinhas e a certeza de que temos muito a fazer pela revitalização do rio São Francisco. Parabéns!!!!!!!!!
ResponderExcluirÉ muito triste para nós que de alguma forma é ligado ao Velho Chico presenciar seu fim. É um absurdo levar água para tão longe, como as cidades do interior do Ceará, quando existem várias famílias a poucos quilômetros da margem morrendo de sede. Só num País governado por déspotas.
ResponderExcluirMas que bom que ainda possuem algumas vozes que não se calam perante “o interesse coletivo de meia dúzia”.
Continue assim Eduardo Tavares, seja protetor também das famílias ribeirinhas. Estes sim sabem que a vida não é fácil, e mesmo diante de tantas dificuldades seguem caminhando com fé em Deus e na esperança que algum dia o sofrimento vai acabar, aguardando homens de bem como estes envolvidos na salvação do Velho Chico. Parabéns pelo texto.
Ricardo Gaboni.
Ao ver esse trabalho tão real, deixa em mim um orgulho, não só foi como um dever profissional mas sim a satisfação de realizar esse trabalho com essa equipe maravilhosa, de profissionais que estão executando esse belíssimo trabalho ''Os elogios desse trabalho vão para cabeça pensante Dr.Eduardo Tavares Mendes, como autor desta obra que com certeza irá enriquecer cada vez mais a cultura e o conhecimento da literatura alagoana e brasileira.''
ResponderExcluirum grande e magnifico trabalho feito pelo senhor Dr.Eduarto Tavares.
ResponderExcluirClaudemir Mota
Caro amigo Dr, Eduardo Tavars:
ResponderExcluirMe chamo Luiz Carlos Nascimento, sou advogado e moro na cidade do Recife, solicito ajuda do seu conhecimento quanto a minha origem.
Tenho algumas duvidas sobre o destino do meu avô. O mesmo saiu da cidade de Pão de Açucar - AL, aproximadamente em 1925 com destino a Recife-PE, onde permaneceu até a sua morte, Sei que o mesmo saiu de Pão de Açucar- AL em um barco a vapor, com destino a Recife-PE
Duvidas que tenho:
1 - Se o meu avô saiu em um vapor qual seria seu destino, Penedo ou Porto Real do Colégio?
2 - Após sua chegada à Penedo ou Porto Real do Colégio qual o meio de transporte até Recife?
3 - Qual dessas cidades tinha estrada de ferro com destino a Recife?
4- Se por acaso Vossa Senhoria sabe os nomes dos barcos que faziam essa rota nessa época.
Estou indo a Pão de Açúcar em junho de 2014 em busca de algumas duvidas que tenho a tirar.
Agradecido pela atenção dispensada,
Luiz Carlos Nascimento
lulaaldeia@ig.com.br
Caro Eduardo Tavares Mendes.
ResponderExcluirAntes de mais nada parabenizo-lhe pelo magnifico trabalho. Sinceramente uma boa obra de resgate e considerações.
Sou Adeval Marques e nasci às margens do Grande Opara, como o chamavam nossos antepassados índios ao São Francisco em um lugarejo chamado Cajueiro, depois migrei para Propriá onde passei minha infância toda adolescência e capital sergipana e hoje.
Vive a época das canoas de tolda. Sou neto e filho de canoeiros e estou fazendo um estudo histórico de resgate sobre a contribuição da canoas de tolda no Baixo S. Francisco. Na faculdade escrevo e defendo um trabalho intitulado de Canoas de Tolda: História e Legado. O São Francisco corre em minhas veias.
Pretendo escrever alguns livros e achei interessante o seu espaço.
Gostaria que observasse esses assuntos que escrevi, vou melhor, a pressa é grande e o tempo pequeno. Também estou em vias de construir uma chata nos moldes das canoas de tolda e velejar sem fim pelo rio e escrever os livros que pretendo.
Siga esses links e por favor mande seu email para: adevmarques@gmail.com
Grande abraço. Parabéns e muito sucesso.
Links:
PEDRO AMORIM: UM DOS ÚLTIMOS MESTRES NAVAIS CONSTRUTOR DE CANOAS DE TOLDA
http://www.revistacaninde.com/2011/11/pedro-amorim-um-dos-ultimos-mestres.html
RELATO DA ÚLLTIMA VIAGEM DA CANOA DE TOLDA ITABAJARA: VIAGEM E MORTE
http://www.revistacaninde.com/2012/11/relato-da-ulltima-viagem-da-canoa-de.html
CANOA DE TOLDA ITABAJARA: O RESGATE
http://www.revistacaninde.com/2011/12/canoa-de-tolda-itabajara-o-resgate.html
Dr. Eduardo. bom dia.
ResponderExcluirPostei outro dia uma mensagem sobre a minha idéia de entrar no rio São Francisco com o meu veleiro, mas não conheço nada (nem ninguém) da região.
Caso possa me passar ao menos um contato (de um morador de lá) que possa me passar algumas indicações de forma que eu não chegue totalmente "cego", seria muito proveitoso. Segue abaixo o meu email para um contato.
Agradeço antecipadamente
Att.
José Bonifácio
bonifácio@formadigital.com.br
Li atentamente os seus escritos e posso então entender o grande amor que tens a esse rio espetacular - em todos os sentidos. Salva-lo é nossa tarefa! Em meus estudos musicológicos tenho voltado atenção a região do Baixo São Francisco e fico a cada dia mais empolgado com a pesquisa. Belo trabalho Dr. Eduardo. Parabéns! Att. Nilton Souza
ResponderExcluirAlgumas fotos estão como se fosse em Penedo mais na realidade foram tiradas em Propriá, principalmente a do barco a vapor, e as canoas de toldas no porto.
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