O Procurador de Justiça e membro do Instituto Histórico e
Geográfico de Alagoas, Eduardo Tavares, ministrou palestra na sede
do IHGAL sobre o rio São Francisco. Com o tema "Rio São
Francisco, sua importância, suas dificuldades", o palestrante
falou sobre vários aspectos relacionados ao chamado “Rio da
Integração Nacional”: seu deflúvio, a seca que abate o
semiárido, e a transposição de suas águas para o abastecimento de
parte do Sertão nordestino. Para ele, a transposição é um
grande equívoco do governo brasileiro, pois o Nordeste é a região
do mundo mais bem abastecida de açudes, com cerca de 70 mil
barragens, que armazenam cerca de 37 bilhões de metros cúbicos de
água. “É apenas uma questão de distribuição”, afirmou
Tavares, acrescentando que o investimento para realizar a gigantesca
obra é uma exorbitância e daria para irrigar as duas margens do
baixo e do médio São Francisco. "O grande problema é o fato
de o “Velho Chico” ser um rio hidrologicamente pobre, com vazão
média de apenas 2.800m³/s (o rio Tocantins, com a mesma área de
bacia, tem um deflúvio de 11.800n³/s), além de seu leito se
encontrar, em grande parte, na região semiárida brasileira.
Por isso, suas águas sofrem as consequências da evapotranspiração",
acrescentou o pesquisador.
“Hoje, ao invés de o rio penetrar no oceano com toda pujança,
como ocorria outrora, a língua salgada do mar é quem penetra rio
acima, por dezenas e dezenas de quilômetros, salinizando suas águas
e carreando espécies marítimas de peixes e crustáceos. Caso não
se tomem providências urgentes para o reflorestamento das margens e
a revitalização do rio, conhecido também como Opará na linguagem
indígena, o mais importante rio essencialmente brasileiro corre o
risco de não mais chegar à foz, como ocorreu com o rio Colorado,
nos estados Unidos”, alertou o expositor.
Estiveram presentes à palestra inúmeros membros do Instituto; o
Secretário do Gabinete Civil do Estado e membro do IHGAL, Dr. Alvaro
Antônio Melo Machado; o Cel. Marcus Aurélio Pinheiro, chefe da
AMPGJ; a presidente da Associação do Ministéro Público de
Alagoas, Dra. Adilza Freitas, além de membros do Conselho Estadual
de Segurança, promotores de justiça, políticos, moradores de
cidades ribeirinhas, alunos do CESMAC, dentre outras pessoas.
O presidente do
IHGAL afirmou, na oportunidade, que no ano vindouro o rio São
Francisco será objeto de muita atenção por parte do Instituto,
tanto no aspecto geográfico como histórico.
O Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. (foto Claudemir Mota) |
Eduardo Tavares em seu pronunciamento. (foto: Claudemir Mota) |
Secretário do Gabinete Civil do Governo do Estado e membro do IHGAL, Álvaro Machado. (foto: Claudemir Mota) |