Espaço destinado a publicação de textos sobre o rio São Francisco (grande paixão) e de artigos publicados na imprensa, ao longo dos anos, sobre os mais variados assuntos, além de discursos proferidos no Ministério Público, no Instituto Histórico, neste e em outros estados, durante o desempenho das mais variadas funções públicas exercidas pelo autor. O blog, além de ser um canal de comunicação do seu titular com a sociedade, pretende ser um fórum de discussão de temas de interesse comunitário.
sábado, 3 de setembro de 2011
Consciência ecológica
Consciência Ecológica
* Eduardo Tavares Mendes
Apesar das perspectivas positivas da Conferência de Cúpula Mundial Sobre Desenvolvimento Sustentável - a Rio + 10, que está sendo realizada em Joanesburgo, na África do Sul, a verdade é que dois grandes movimentos mundiais já foram realizados, com a finalidade de se avaliar e viabilizar o desenvolvimento dos países, ricos ou pobres, sem agressões à natureza, não se tendo obtido, até então, o êxito esperado.
A primeira grande conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente ocorreu em Estocolmo, na Suécia, em 1972 e, duas décadas depois, o mundo inteiro participou, no Rio de Janeiro, da Rio/92, abordando o tema “Meio Ambiente e Desenvolvimento”.
Conquanto as autoridades venham afirmando que esses encontros resultaram em avanços significativos para resolução das grandes questões ambientais do Planeta, causa espanto as declarações de governos, ambientalistas e políticos de que a Rio + 10 procurará executar as ações já traçadas nas referidas conferências.
Ora, se formos esperar anos e mais anos para por em prática planos de combate à fome, à miséria e ao atraso e projetos que visem ao desenvolvimento tecnológico, sem que a Terra sofra conseqüências desastrosas, correremos o risco de concorrer para que os nossos descendentes, junto com o Planeta e às espécies, tenham futuro pouco promissor.
Nos últimos trinta anos o que mais se viu foi o crescimento alucinado de atos agressivos à natureza. As alterações climáticas, a poluição dos céus, as enchentes, enfim, têm sido, em parte, conseqüência da ação antrópica predatória do homem. Os governos, por sua vez, fazem vista grossa para esses descasos, quando não são coniventes com eles.
O governo brasileiro, por exemplo, campeão em irresponsabilidade para com o Meio Ambiente, há bem pouco tempo só falava na transposição das águas do Rio São Francisco, pouco, ou nada, importando o impacto ambiental que tal desatino iria causar. O assunto desapareceu dos bastidores políticos e dos gabinetes dos burocratas do serviço público somente em razão do colapso energético do qual foi acometido o Brasil. ( Aliás, diga-se de passagem, a crise no sistema de energia foi fruto da absoluta incapacidade das “autoridades” que, confiando apenas nos recursos naturais do País, não criaram alternativas viáveis para o abastecimento elétrico).
Os ataques aos rios, ao ar, às florestas e ao mar, pois, é realidade nos quatro cantos da Terra.
Robert Muller, Reitor da Universidade da Paz, em Costa Rica, afirma categoricamente que as universidades de praticamente todos os países tem concorrido para o caos mundial pois, com raras exceções, orientam para o nacional e não para o mundo e a humanidade.
Para Muller, a preocupação com o Meio Ambiente deveria fazer as escolas incluir em seus currículos básicos o estudo do infinitamente grande, como o universo, as propriedades físicas da Terra, os desertos, as montanhas, os mananciais e as energias, e do infinitamente pequeno, como a microbiologia, a genética e a física nuclear.
A sociedade mundial espera que a Rio + 10 não seja mais uma reunião de cúpula brincando de cuidar da sobrevivência do Planeta.
A Conferência de Joanesburgo deve retratar as aspirações de todos os povos e de todas as instituições sérias que querem preservar sua morada - a Terra.
* É presidente da Associação do Ministério Público de Alagoas.
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