O
nosso País será a sede do campeonato mundial de futebol, edição
2014, que se inicia no dia 12 do mês de junho, uma quinta-feira, e
acaba no dia 13 de julho, domingo, com a participação de 32
seleções nacionais de todos os continentes. Estamos aguardando o
evento com a maior expectativa, na esperança de que ele nos traga
alegrias e comemorações. Por outro lado, este período que antecede
a Copa deve nos motivar a fazer uma serena reflexão sobre as
consequências dessa grande festa para o povo brasileiro a curto e
médio prazo.
Não
há dúvida de que as obras físicas da Copa do Mundo custaram uma
fortuna aos cofres públicos. Não falo apenas dos estádios de
futebol, agora batizados de “Arenas”, que receberam recursos
adicionais da iniciativa privada. Falo também da construção e
reforma de estradas; da reforma e ampliação de aeroportos; dos
gastos com o aparato de segurança; das despesas de implantação do
sofisticado sistema de transmissão de voz e imagens pelos canais de
mídia eletrônica e convencional, que cobrirão os acontecimentos;
falo, enfim, de uma série de investimentos que, antes orçados em
milhões de reais, vão consumir, na verdade, quase o dobro da
previsão inicial.
Claro
que tudo isso nos preocupa. Mas estou convencido de que conseguiremos
atrair um volume extraordinário de recursos no setor de turismo, o
que propiciará fôlego no balanço de pagamentos deste ano,
beneficiando as finanças públicas com o ingresso maciço de
capitais. As obras de mobilidade urbana e todas as outras que o País
construiu para reforçar sua capacidade logística servirão para
melhorar a qualidade de vida dos brasileiros – é o que esperamos.
Mas é preciso estar atento para a questão da administração
subsequente ao evento de todas as obras que foram implantadas no
interesse da Copa do Mundo.
Temos
informações dando conta de que o plano de investimentos nas cidades
que sediarão os jogos da Copa alcançaram o total de mais de R$ 25
bilhões, e foram prioritariamente destinados à infraestrutura
(mobilidade urbana, portos e aeroportos), logística, energia e
segurança. Alguma coisa boa há de ficar desse gigantesco esforço
que não deve ser creditado somente ao governo, mas ao povo
brasileiro como um todo – esse povo que sofre sob a jugo de uma
escandalosa carga tributária e que, por isso mesmo, reage ante a má
aplicação das verbas públicas.
O
cidadão brasileiro vem, pouco a pouco, se adaptando ao clima de
liberdade que só o regime democrático é capaz de lhe oferecer. Por
isso, aceita as manifestações públicas de protesto como termômetro
da capacidade de participação pacífica de todos, com coerência e
responsabilidade. O exercício do direito de protestar não pode, por
razões óbvias, extrapolar os limites do bom senso e do razoável.
Não devemos aceitar a violência, parta de onde partir. Se
necessário, correntes sociais de opinião sairão às ruas, com
diversas motivações e palavras de ordem. Mas, por que não
aproveitar o momento para festejar tudo de bom que a Copa pode
proporcionar ao País, e nos preparar para cobrar dos atuais
dirigentes que o legado da Copa não seja um fardo, principalmente
para a população mais carente? Por que não reconhecer que esta é
uma grande oportunidade de união da nação brasileira, com o
propósito de pensarmos juntos os nossos problemas e as suas
soluções?
Estamos
em uma encruzilhada em que é imperioso convocar o otimismo, porque
de pessimismo o horizonte está repleto – e sob esta perspectiva
não vai ser fácil superar as dificuldades. A hora é de pensar
grande, pensar alto, de andar com fé. É hora de pensar o Brasil
como a pátria querida de todos, como a nossa própria casa, como a
casa dos nosso filhos e netos, a “clava forte da Justiça” e a
realização dos ideais de igualdade e fraternidade que nos trouxeram
até os dias de hoje, porque fora da esperança não há salvação.