sexta-feira, 23 de maio de 2014

Copa do Mundo de Futebol no Brasil

O nosso País será a sede do campeonato mundial de futebol, edição 2014, que se inicia no dia 12 do mês de junho, uma quinta-feira, e acaba no dia 13 de julho, domingo, com a participação de 32 seleções nacionais de todos os continentes. Estamos aguardando o evento com a maior expectativa, na esperança de que ele nos traga alegrias e comemorações. Por outro lado, este período que antecede a Copa deve nos motivar a fazer uma serena reflexão sobre as consequências dessa grande festa para o povo brasileiro a curto e médio prazo.

Não há dúvida de que as obras físicas da Copa do Mundo custaram uma fortuna aos cofres públicos. Não falo apenas dos estádios de futebol, agora batizados de “Arenas”, que receberam recursos adicionais da iniciativa privada. Falo também da construção e reforma de estradas; da reforma e ampliação de aeroportos; dos gastos com o aparato de segurança; das despesas de implantação do sofisticado sistema de transmissão de voz e imagens pelos canais de mídia eletrônica e convencional, que cobrirão os acontecimentos; falo, enfim, de uma série de investimentos que, antes orçados em milhões de reais, vão consumir, na verdade, quase o dobro da previsão inicial.

Claro que tudo isso nos preocupa. Mas estou convencido de que conseguiremos atrair um volume extraordinário de recursos no setor de turismo, o que propiciará fôlego no balanço de pagamentos deste ano, beneficiando as finanças públicas com o ingresso maciço de capitais. As obras de mobilidade urbana e todas as outras que o País construiu para reforçar sua capacidade logística servirão para melhorar a qualidade de vida dos brasileiros – é o que esperamos. Mas é preciso estar atento para a questão da administração subsequente ao evento de todas as obras que foram implantadas no interesse da Copa do Mundo.

Temos informações dando conta de que o plano de investimentos nas cidades que sediarão os jogos da Copa alcançaram o total de mais de R$ 25 bilhões, e foram prioritariamente destinados à infraestrutura (mobilidade urbana, portos e aeroportos), logística, energia e segurança. Alguma coisa boa há de ficar desse gigantesco esforço que não deve ser creditado somente ao governo, mas ao povo brasileiro como um todo – esse povo que sofre sob a jugo de uma escandalosa carga tributária e que, por isso mesmo, reage ante a má aplicação das verbas públicas.

O cidadão brasileiro vem, pouco a pouco, se adaptando ao clima de liberdade que só o regime democrático é capaz de lhe oferecer. Por isso, aceita as manifestações públicas de protesto como termômetro da capacidade de participação pacífica de todos, com coerência e responsabilidade. O exercício do direito de protestar não pode, por razões óbvias, extrapolar os limites do bom senso e do razoável. Não devemos aceitar a violência, parta de onde partir. Se necessário, correntes sociais de opinião sairão às ruas, com diversas motivações e palavras de ordem. Mas, por que não aproveitar o momento para festejar tudo de bom que a Copa pode proporcionar ao País, e nos preparar para cobrar dos atuais dirigentes que o legado da Copa não seja um fardo, principalmente para a população mais carente? Por que não reconhecer que esta é uma grande oportunidade de união da nação brasileira, com o propósito de pensarmos juntos os nossos problemas e as suas soluções?

Estamos em uma encruzilhada em que é imperioso convocar o otimismo, porque de pessimismo o horizonte está repleto – e sob esta perspectiva não vai ser fácil superar as dificuldades. A hora é de pensar grande, pensar alto, de andar com fé. É hora de pensar o Brasil como a pátria querida de todos, como a nossa própria casa, como a casa dos nosso filhos e netos, a “clava forte da Justiça” e a realização dos ideais de igualdade e fraternidade que nos trouxeram até os dias de hoje, porque fora da esperança não há salvação.

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