segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Verdades e mentiras



Verdades e mentiras

* Eduardo Tavares Mendes




A palavra é a expressão do pensamento. Quando mal utilizada ou empregada, dependendo de quem a profere, tem a força capaz de mudar a realidade, de deflagrar greves e guerras e destruir cidades, rios e florestas. Tem o poder superior ao da bomba atômica.

Quando, pelo contrário, a palavra é direcionada para o bem comum, para a busca da paz social, ela tem o condão de promover o progresso, de estabelecer a harmonia entre os povos, de fomentar a união entre os homens.

A palavra, pois, é o mais importante instrumento de que o ser humano dispõe para garantir a sua própria subsistência.

Verdades e mentiras refulgem – ou se escondem – nas palavras. Algumas verdades, quando pronunciadas, têm grande vigor destrutivo, justamente porque revelam tramas, engodos e ardis. As mentiras, por seu turno, têm o poder de induzir as pessoas em erro e são muito usadas por praticamente todos os homens, em maior ou menor grau de intensidade. Voltaire já dizia: “De uma extremidade da Terra à outra, mente-se e sempre se mentiu. Nossos netos mentirão, como faziam nossos avós”.

Os campeões na arte de enganar através da palavra, entretanto, são os políticos. Estes, não raro, estão sempre prontos para promover o engano dos sentidos ou do espírito, iludindo os incautos com suas falsas idéias.

Na linguagem popular, a mentira alcançou lugar de destaque. Quem nunca caiu no “conto da carochinha” ou no “conto do vigário”? Quantas vezes não somos levados a ouvir “lorotas”, “potocas” e “conversa fiada”, nas esquinas, nos bares, na escola ou no trabalho? Quando somos surpreendidos pelos mentirosos, costumamos dizer que ouvimos a maior “furada” ou “patranha”. A mentira, portanto, de tão praticada, entrou para o folclore de nossa língua.

O ato de mentir desprovido de maldade chega a ser até insignificante ou engraçado. Existem mentiras de várias espécies, como a “mentira deslavada” ou a “grande peta”, que se destacam pelo exagero da narrativa. No confronto entre a verdade e a mentira, todavia, cedo ou tarde, sempre vence a primeira, especialmente por ser a fiel representação de alguma coisa da natureza e da realidade.

A verdade constitui a eterna busca do homem sensato. A verdade de fato e, sobretudo, a verdade da razão. Verdade necessária, cujo oposto é impossível. Sobre o assunto, as seguintes palavras foram gravadas em pedra num colégio de Aberdeen, nos Estados Unidos: “Uma mentira entronizada ainda é uma mentira. Uma verdade encarcerada ainda é uma verdade. Uma mentira no trono está a caminho da derrota, e uma verdade na masmorra está a caminho da vitória”.

Em época de eleições, contudo, a mentira ganha vida nova. As promessas enganosas, as fábulas e as ficções tomam conta dos palanques e, nesse contexto, levam vantagem os homens e as mulheres que melhor fazem uso das palavras, verdadeiras ou mentirosas, geralmente mais mentirosas do que verdadeiras. Autênticos festivais de "mocas”, de “maxambetas” e de “lorotagens” invadem as residências, através dos “guias” eleitorais, e a população se vê obrigada a ouvir todo tipo de mentiras, caindo em profunda angústia e insegurança quanto ao futuro da Nação, que já não agüenta mais tanta incompetência e tanto desrespeito aos seus direitos mais elementares.

As mentiras que os políticos propalam tornam-se até engraçadas quando eles perdem, mas são graves quando chegam ao poder e, tão logo descobertas, levam a sociedade a perceber que participou de uma grande “cascata” e que, por isso, arcará com as conseqüências.




* Filho de Traipu, Promotor de Justiça, e diretor da Faculdade de Direito do CESMAC.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

comentário